O governo federal está em pé de guerra contra a urgência do projeto de anistia, que beneficia os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. Os ministros foram orientados a contatar imediatamente os parlamentares de suas respectivas bancadas para persuadi-los a rejeitar a proposta. Este esforço, que envolve uma comunicação direta e detalhada sobre os conteúdos do projeto, deve se estender até o momento da votação, sinalizando a preocupação do governo com a eventual aprovação da anistia.
Mobilização dos ministros e articulação nas bancadas
Na terça-feira, os ministros se reuniram para discutir estratégias e enfatizar a importância de explicar aos deputados os reais impactos da proposta, que é de autoria do líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). O encontro contou com a presença de figuras chave de partidos como MDB, PSD, Republicanos, PP e PT. Entre os ministros mobilizados estão Simone Tebet, Jader Filho, Renan Filho, Alexandre Silveira, André de Paula, Carlos Fávaro, André Fufuca, Silvio Costa Filho e Márcio Macêdo.
A ministra Gleisi Hoffmann (PT), presidente do partido, não escondeu a preocupação com a tramitação do projeto. Em pronunciamentos recentes, ela deixou claro que o governo é rigorosamente contra a anistia, considerando-a não apenas imoral, mas também inconstitucional. “Vamos nos posicionar contra e trabalhar para derrubar o pedido de urgência”, afirmou Gleisi, reforçando a determinação do governo em impedir a aprovação da proposta.
Pressões e prioridades do governo
Em meio à discussão, o governo tenta desviar o foco. Gleisi tem solicitado aos ministros que apresentem outras pautas como mais urgentes e relevantes para o país, como a isenção de Imposto de Renda para aqueles que ganham até R$ 5 mil. Desse modo, o governo pretende priorizar discussões que possam beneficiar o povo em vez de ceder à pressão pela anistia. “Precisamos nos posicionar para disputar a prioridade da pauta na Câmara”, enfatizou Gleisi durante um almoço com o presidente da Câmara, Hugo Motta, onde reforçou o posicionamento contrário do governo à proposta de anistia.
Construção de um novo texto e perspectivas
A estratégia de Hugo Motta, presidente da Câmara, parece incluir calibrar sua movimentação em relação à anistia. Como relatado, a necessidade de discussão de uma versão revisada proposta por Davi Alcolumbre (União-AP) está em pauta. A proposta do Senado difere daquela apresentada pela ala bolsonarista, focando na redução de penas para manifestantes, sem implicar diretamente a figura do ex-presidente Jair Bolsonaro.
No contexto atual, a proposta senatorial é mais restrita e busca evitar um veto do Supremo Tribunal Federal. Com a intenção de limitar os beneficiados e contemplar apenas aqueles que estiveram envolvidos nos atos de 8 de janeiro, a discussão procura minimizar os riscos legais. Este movimento é considerado estratégico pelo governo, que poderá não se opor à nova iniciativa caso haja consenso entre o Congresso e o STF.
Considerações finais sobre a anistia
À medida que a pressão aumenta pela votação, os cataventos políticos continuam a girar. Interlocutores do governo informam que a resistência a uma proposta de anistia mais ampla tende a crescer no Parlamento. A expectativa agora gira em torno de como os deputados reagirão a essas articulações e se aceitarão ou não a proposta revisada pelo Senado.
Enquanto isso, a articulação do governo continua firme. A mobilização dos ministros e a comunicação clara aos parlamentares são vistas como fundamentais para contornar esta crise política. A próxima semana pode revelar se o governo será capaz de barrar a urgência da anistia e redirecionar o foco para pautas que realmente importam para a população.