No dia 10 de agosto de 2024, o voo 2283 da companhia aérea Voepass, anteriormente conhecida como Passaredo, caiu em Vinhedo, São Paulo, resultando na trágica morte de 62 pessoas. Um relatório divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nesta terça-feira (16) sugere que o tempo insuficiente de descanso da tripulação pode ter sido um dos fatores que contribuíram para o acidente. O levantamento foi realizado pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE-SP), que analisou as escalas de trabalho do comandante e do copiloto durante os meses que antecederam a tragédia.
Auditoria e análise das escalas de trabalho
A auditoria do MTE abrangiu as escalas de trabalho dos pilotos a partir de 1º de maio de 2024 até o dia do acidente, além dos registros de check-in e checkout em hotéis que comprovaram os períodos de descanso. O objetivo da investigação foi identificar se a fadiga dos pilotos poderia ter influenciado na queda da aeronave.
De acordo com as conclusões do relatório, as escalas montadas pela Voepass reduziram significativamente o tempo de descanso da tripulação, o que poderia ter ocasionado um cansaço extremo, prejudicando a concentração e o tempo de reação dos profissionais durante o voo. “Esse fator, juntamente com outras possíveis causas, pode ter contribuído para a tragédia com o voo 2283”, afirmou o MTE.
Irregularidades e penalizações enfrentadas pela Voepass
O relatório do MTE também destacou diversas irregularidades encontradas na fiscalização das operações da Voepass. Entre os principais problemas, destacam-se:
- Falta de um controle efetivo da jornada de trabalho da tripulação;
- Descumprimento da Lei dos Aeronautas, que estabelece limites de jornada e períodos mínimos de descanso;
- Violação de cláusula da Convenção Coletiva que visa à prevenção da fadiga.
Em virtude dessas infrações, a companhia aérea recebeu 10 autos de infração, que podem resultar em multas que somam aproximadamente R$ 730 mil. Além disso, a Voepass foi notificada por não ter efetuado o recolhimento de mais de R$ 1 milhão em FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de seus empregados.
Impacto na indústria da aviação
A tragédia do voo 2283 levanta questionamentos críticos sobre a segurança nas operações aéreas e a importância de regulamentações rigorosas para garantir o bem-estar das tripulações. O caso ressalta a necessidade da implementação de políticas efetivas que assegurem que os profissionais tenham tempo adequado para descanso, a fim de prevenir acidentes aéreos. A fadiga é um fator reconhecido por sua influência na segurança operacional, e esse acidente evidencia a importância de abordagens mais rigorosas na gestão de escalas e jornadas de trabalho nas companhias aéreas brasileiras.
É fundamental que as autoridades competentes revisem as normas existentes e fiscalizem de maneira mais rigorosa as companhias aéreas, garantindo que a segurança dos passageiros esteja sempre em primeiro lugar. A população e os familiares das vítimas merecem respostas e reivindicar que mudanças sejam implementadas para evitar que tragédias semelhantes se repitam no futuro.
Com esta atualização, as autoridades do MTE continuam a investigar as causas do acidente, e a Voepass deverá prestar esclarecimentos sobre os pontos destacados no relatório. O caso segue em acompanhamento, e novas informações devem ser divulgadas nos próximos dias.
Fonte: G1 Campinas