Na tarde de segunda-feira (15), o Brasil foi surpreendido por uma tragédia que chocou a sociedade e reacendeu o debate sobre a segurança pública no país. O ex-delegado geral de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, foi executado a tiros em Praia Grande, litoral de São Paulo, enquanto era perseguido por criminosos. Fontes, conhecido por seu papel no combate ao crime organizado e por suas investigações sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC), foi alvo de um ataque brutal que deixou a população atenta sobre o aumento da violência nas ruas.
A execução em detalhes
Imagens de câmeras de segurança, que foram obtidas pelo portal g1, mostram o momento em que Ruy Ferraz Fontes é seguido por um carro de criminosos em alta velocidade. Durante a perseguição, seu veículo colidiu com um ônibus e capotou na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, na região de Nova Mirim. De acordo com a Polícia Militar, o delegado já teria sido baleado antes da colisão, o que poderia ter causado a perda de controle do automóvel.
A execução não se limitou a ataques esporádicos. Relatos indicam que os criminosos dispararam mais de 20 vezes em direção ao ex-delegado. Logo após a batida, três homens abordaram seu veículo e, de forma metódica, efetuaram os tiros que tiraram sua vida. Durante a ação, duas pessoas que passavam pelo local também foram atingidas e levadas para atendimento médico, mas, felizmente, não correm risco de morte.
Investigações em andamento
O crime gerou uma mobilização intensa das forças de segurança, com o governador Tarcísio de Freitas determinando uma ação conjunta para a captura dos responsáveis. A Polícia Civil de São Paulo está investigando duas linhas principais: a conexão do crime com o PCC e possíveis vinganças pessoais devido à atuação de Fontes ao longo de sua carreira.
Os detalhes da cena do crime foram revolvedores: além do fluxo intenso de tiros, a brutalidade do ataque evidenciou a audácia dos criminosos, que planejaram a abordagem de forma fria. Após a execução, o veículo usado pelos criminosos foi encontrado incendiado a cerca de dois quilômetros do local do crime, dificultando ainda mais as investigações.
Quem foi Ruy Ferraz Fontes?
Ruy Ferraz Fontes tinha uma carreira exemplar na polícia paulista, onde ingressou há mais de 20 anos. Graduação em Direito e pós-graduação na mesma área, Fontes teve passagens por diversas delegacias e se destacou no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Em seu passado, ele liderou investigações com foco no PCC, contribuindo significativamente na prisão de seus líderes e no fortalecimento do combate à criminalidade.
Foi fundamental na resposta às violências perpetradas pelo PCC durante os ataques de 2006 em São Paulo, que desafiou o estado com uma série de ações orquestradas contra as forças de segurança. Entre 2019 e 2022, dirigiu a Delegacia Geral de Polícia, onde promoveu a transferência de membros do PCC para presídios federais, um movimento considerado estratégico para minimizar o poder da facção dentro das prisões.
Além de suas funções operacionais, Ruy Ferraz Fontes também era professor de Criminologia e Direito Processual Penal, compartilhando seu conhecimento e experiência com novas gerações de policiais. No início de 2023, assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande, cargo que ocupava até sua morte.
Uma perda sentida
A execução do delegado Ruy Ferraz Fontes é um triste lembrete da luta contínua contra o crime organizado no Brasil. Amigos, familiares e colegas lamentam a perda de um profissional comprometido com a segurança pública e a justiça. Sua história de dedicação na luta contra o PCC e no enfrentamento da criminalidade deixa um legado que será lembrado por muitos, e sua morte traz à tona questões cruciais sobre a segurança e sua eficácia no Brasil.
As investigações continuam, e a sociedade aguarda respostas e soluções que possam garantir não apenas justiça para o ex-delegado, mas também a proteção da população contra a crescente onda de violência.