Brasil, 17 de setembro de 2025
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Censura em feira literária provoca protesto de curadores em São José

Incidente envolvendo Milly Lacombe marca a saída da equipe curatorial da Festa Litero Musical de São José dos Campos.

Um incidente recente teve grandes repercussões no cenário cultural de São José dos Campos, interior de São Paulo. A equipe de curadoria da Festa Litero Musical (Flim) decidiu abandonar suas funções após um episódio de censura que envolveu a jornalista e escritora Milly Lacombe. O cancelamento da participação de Lacombe na feira, decidido pelo prefeito da cidade, gerou uma onda de protestos e discussões sobre liberdade de expressão e respeito às diversidades na cultura.

O que aconteceu?

Na última terça-feira, dia 16 de setembro, os curadores da Flim, incluindo o renomado escritor Xico Sá, anunciaram sua saída da curadoria do evento. O motivo? A censura à participação de Milly Lacombe, que havia sido convidada para a mesa de abertura da feira. O cancelamento ocorreu após declarações polêmicas de Lacombe, feitas em um episódio do podcast “Louva a Deusa”, onde ela criticou o conceito de família tradicional, descrevendo-o como uma “base do fascismo”. Essa fala gerou controvérsias, levando o prefeito de São José dos Campos a solicitar o cancelamento da jornalista no evento.

Reações à censura

Em entrevista ao g1, Xico Sá expressou seu descontentamento com a decisão. “Deixo aqui todo apoio e solidariedade à jornalista Milly Lacombe, censurada e silenciada politicamente pela Prefeitura de São José dos Campos. Em protesto, comunico o cancelamento da minha participação”, afirmou Sá, que deveria participar da mesa ao lado de Lacombe.

Bianca Mantovani, uma das curadoras da Flim, relatou que a equipe foi pega de surpresa com o cancelamento. Apesar do prefeito alegar que discutiu a situação com a gestão do evento no sábado anterior, foi apenas naquele dia que os curadores souberam da decisão pela internet. Em uma reunião na segunda-feira, Lacombe, Sá e o poeta Cuti discutiram o evento, sem saber que sua participação estaria ameaçada.

Nota oficial da curadoria

A equipe de curadoria publicou uma nota em que expressou indignação e decidiu se retirar da Flim, ressaltando o desrespeito à liberdade de expressão e à diversidade de opiniões. “Em uma edição que propõe discutir a alteridade e a convivência com o outro, essa decisão arbitrária inviabiliza a nossa continuidade”, declarou o coletivo. O documento foi assinado pelas curadoras Alice Penna e Costa, Bianca Mantovani, Tania Rivitti, e Bruna Fernanda, assistente de curadoria.

O papel da prefeitura e da AFAC

A Associação para o Fomento da Arte e da Cultura (AFAC), que gerencia o Parque Vicentina Aranha, onde a Flim acontece, informou que respeita a decisão da curadoria e continua a trabalhar para a realização do evento. A AFAC destacou que, ao longo de suas 10 edições, a feira se consolidou como um dos principais eventos literomusicais do interior paulista.

O prefeito Anderson Farias manteve sua posição em relação ao cancelamento da participação de Lacombe, afirmando que a cultura deve unir as pessoas e não dividi-las. Segundo ele, não se pode permitir que pensamentos considerados inadequados sejam apresentados em um espaço público, uma declaração que levantou ainda mais debates sobre censura e liberdade de expressão.

Discussão sobre liberdade de expressão

O cancelamento da participação da jornalista e a saída da equipe de curadoria levantam questões importantes sobre liberdade de expressão no Brasil. A reação contrária à fala de Lacombe, vista por muitos como uma crítica a normas familiares tradicionais, mostra a polarização do debate cultural no país.

Além disso, a repercussão do caso pode influenciar outros eventos culturais e a forma como eles são geridos. A censura de vozes críticas e divergentes pode prejudicar a diversidade de opiniões que eventos como a Flim deveriam promover.

Com o cancelamento de Lacombe, fica uma clara mensagem sobre os limites da liberdade criativa e a necessidade de diálogo respeitoso na esfera pública. O debate sobre censura na cultura brasileira está longe de se encerrar, e o caso da Flim certamente será um ponto de referência nas discussões sobre o assunto.

A cobertura sobre esse incidente e suas consequências continua. A expectativa é que novos eventos e discussões surjam a partir dessa controvérsia e que o respeito pela liberdade de expressão prevaleça no cenário cultural brasileiro.

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