Brasil, 16 de setembro de 2025
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Anistia ao 8 de janeiro: Câmara busca consenso em meio a divergências

Hugo Motta se reúne com líderes partidários para discutir projeto de anistia, que enfrenta resistência e conta com apoio restrito.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se encontra nesta terça-feira com líderes partidários na tentativa de chegar a um consenso sobre o projeto de anistia relacionado aos eventos de 8 de janeiro, uma demanda expressa da bancada mais fiel ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O tema, que já se arrasta no legislativo desde o final do ano passado, se tornou um ponto controverso na política brasileira atual.

A anistia e sua recepção entre os parlamentares

Conforme informações de assessores de Motta, a proposta de anistia, tal como desejada por alguns setores bolsonaristas, foi considerada impopular e mal vista pela sociedade em geral. Esse sentimento de desaprovação reflete um entendimento de que o projeto está restrito essencialmente aos desejos da bancada bolsonarista, enquanto outros partidos não se comprometem com um texto mais abrangente, como é a expectativa dos aliados próximos de Bolsonaro.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que intensificou seus esforços em favor do projeto, também está passando por dificuldades. Interlocutores próximos o aconselham a manter suas alianças com Bolsonaro, mas suas articulações têm enfrentado retrocessos, como evidenciado por sua decisão de não comparecer a Brasília nesta manhã para discutir a anistia.

Intensificação das articulações políticas

A situação na Câmara é marcada por intensas negociações. Hugo Motta mantém um diálogo aberto com o governo, tendo se reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda-feira e participado de cerimônias no Palácio do Planalto. No entanto, a base governista está disposta a barrar o avanço da proposta de anistia, negando até mesmo a urgência que poderia acelerar sua votação. “A ideia é impedir que o assunto avance”, afirmam fontes governistas.

Divergências sobre o texto da anistia

Os parlamentares do Centrão, especialmente do PP e do União Brasil, que estão na linha de frente junto ao PL de Bolsonaro pela aprovação da anistia, acreditam que o projeto ainda pode ser reformulado para obter apoio. Existe uma lacuna entre as expectativas dos bolsonaristas mais fervorosos e outros deputados sobre o conteúdo ideal do texto.

Os integrantes do PL próximos a Bolsonaro esperam que a anistia permita a recuperação de sua elegibilidade. No entanto, membros de partidos do Centrão têm se mostrado relutantes em aceitar essa premissa mais ampla, sugerindo que seria mais viável aprovar um texto que resguardasse a anistia da condenação sem reverter sua impossibilidade de concorrer nas próximas eleições.

A estratégia do governo para enfrentar a anistia

Enquanto isso, o governo tem desenvolvido uma estratégia de articulação para neutralizar os avanços do projeto de anistia. Uma abordagem inclui a proposta de pautar um projeto que isente do Imposto de Renda as pessoas que ganham até R$ 5 mil, com a intenção de mobilizar a sociedade e desviar a atenção da anistia. “Queremos provar que este projeto tem prioridade”, afirmam deputados da base.

Esses deputados categoricamente afirmaram a Hugo Motta a necessidade de não permitir que a urgência da anistia seja colocada na frente da votação de propostas mais populares. Além disso, a PEC da Blindagem, que limita investigações contra parlamentares, é outro tema que pode ser abordado na reunião, já que há uma crescente preocupação entre os parlamentares em relação a investigações em curso.

Novas abordagens e propostas alternativas

Uma alternativa em pauta é discutir versões menos abrangentes do projeto de anistia. Por exemplo, o deputado Fausto Pinato (PP-SP) propôs um texto que anistia apenas os manifestantes do dia 8 de janeiro, excluindo qualquer perdão a Bolsonaro. Assim, o cenário político se desdobra em múltiplas direções, com diferentes grupos tentando encontrar um meio-termo que possa satisfazer os interesses partidários enquanto ainda se aceita a resistência social.

Entretanto, a ausência de um relator definido para o projeto de anistia desejado pela oposição continua a ser um obstáculo, e a situação é tensa, com as negociações em constante mudança. Entre os bolsonaristas, a urgência pode ser pautada e um relator definido durante a semana, mas é amplamente reconhecido que persiste uma maioria que pode barrar o projeto na votação. O cenário é complexo e reflete as desavenças políticas que moldam o Brasil contemporâneo.

A câmara dos deputados enfrenta um dilema crucial que pode definir o futuro político do país e a viabilidade de propostas que, até agora, permanecem na mira de resistência e negociações constantes. Com diferentes visões sobre o que deve ser feito, a próxima reunião de líderes poderá ser um divisor de águas na história da política brasileira.

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