Brasil, 15 de setembro de 2025
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STF suspende inquérito contra deputado Ricardo Ayres por desvio de recursos

Suspensão do inquérito no STF impacta investigação sobre emendas para cestas básicas no Tocantins durante a pandemia.

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu suspender a investigação contra o deputado federal Ricardo Ayres (Republicanos) relacionada à destinação de emendas para a compra de cestas básicas no Tocantins durante a pandemia de Covid-19. A medida, determinada pelo ministro Flávio Dino, decorre de um pedido da Câmara dos Deputados que alegou incompetência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em realizar investigações desse tipo contra parlamentares federais.

A operação Fames-19 e seus desdobramentos

A investigação em questão faz parte da operação Fames-19, que buscou apurar possíveis desvios de recursos públicos na aquisição de cestas básicas e frangos congelados entre 2020 e 2021, um período marcado pela emergência de saúde pública. O deputado Ayres, que na época era deputado estadual, é citado no processo por ter destinado emendas que visavam a compra desses produtos. A operação resultou no afastamento do governador do estado, Wanderlei Barbosa, e sua mulher, Karynne Sotero, por um período de 180 dias.

De acordo com as investigações, uma quantia significativa dos alimentos adquiridos pode não ter sido entregue, levantando suspeitas de crimes como licitação frustrada, peculato, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. Somente na pandemia, foram direcionados mais de R$ 97 milhões em contratos para o fornecimento desses produtos, resultando em um prejuízo estimado superior a R$ 73 milhões aos cofres públicos.

Justificativas e defesa do deputado

Ricardo Ayres comentou a decisão do STF, afirmando que a liminar destaca a importância das prerrogativas parlamentares e a jurisdição do STF sobre casos dessa natureza. Ele reiterou que os fatos investigados ocorreram em 2021 e não têm ligação com seu atual cargo de deputado federal. “Naquele período, havia obrigatoriedade legal para a destinação de emendas no enfrentamento à Covid-19, mas a responsabilidade pela compra e fiscalização das cestas básicas recaía inteiramente sobre o Governo do Estado”, declarou.

A suspensão do inquérito significa que as investigações contra Ayres não prosseguirão até que o STF faça uma análise mais profunda acerca da situação, incluindo a possibilidade de um desmembramento do caso. Em sua nota, o deputado expressou confiança no trabalho da Justiça, solicitando cautela para evitar prejulgamentos e danos à sua reputação.

Consequências e aspectos legais

A decisão do STF não afeta os demais investigados da operação, que continuam a ter suas investigações em curso. A Câmara dos Deputados argumentou que o processo de busca e apreensão no apartamento funcional de Ayres não foi corretamente autorizado, ferindo o direito de defesa e a competência do STF para tratar temas envolvendo parlamentares federais.

O ministro Flávio Dino, ao decidir pela suspensão, indicou que havia riscos de danos irreparáveis, justificando sua escolha de proteger as prerrogativas dos parlamentares enquanto o STF não se pronunciar sobre a competência legal no caso específico.

Investigações contínuas e a luta por justiça

As investigações que envolvem o governador Wanderlei Barbosa e outros deputados estaduais seguem em andamento. Os indícios de fraude e desvios durante a pandemia levantam questões sobre a utilização dos recursos públicos em um momento crítico para a sociedade. A expectativa é que as investigações avancem e, eventualmente, façam justiça em relação aos envolvidos, além de esclarecer a real dimensão dos fatos.

Ayres, Barbosa e Sotero emitiram notas enfatizando o compromisso com a verdade e sua disposição para colaborar com a Justiça, ressaltando também a importância de respeitar os direitos e a dignidade de todos os indivíduos envolvidos nestas graves acusações. A sociedade aguarda com expectativa os desdobramentos das investigações e as decisões do STF.

A situação no Tocantins levanta discussões não apenas sobre a responsabilidade legal, mas também sobre a ética na política, ressaltando a importância de uma fiscalização eficaz e transparente do uso de recursos públicos, especialmente em tempos de crise.

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