O secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou que os Estados Unidos planejam novas medidas em resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que podem ser reveladas na “próxima semana”. Em uma entrevista à Fox News, Rubio criticou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), chamando-os de “juízes ativistas” e sugerindo que um deles, sem mencionar nomes, tentou “impor reivindicações extraterritoriais contra cidadãos americanos”. Essa declaração levantou preocupações acerca de sanções potenciais que poderiam afetar autoridades brasileiras diretamente ligadas ao caso Bolsonaro.
Consistência nas declarações de Rubio
Marco Rubio, que ocupa um cargo equivalente ao de chefe da diplomacia nos Estados Unidos, enfatizou que o julgamento de Bolsonaro representa “apenas mais um capítulo de uma crescente campanha de opressão judicial” direcionada a brasileiros, que, segundo ele, também inclui empresas que operam nos EUA. Durante a entrevista, ele afirmou: “Haverá uma resposta dos EUA a isso, e teremos alguns anúncios na próxima semana ou algo assim sobre quais medidas adicionais pretendemos tomar”. Esta declaração, por si só, já demonstra o tom severo que o governo americano pretende adotar na situação.
Expectativas sobre novas sanções
A possibilidade de sanções contra autoridades brasileiras já era uma expectativa entre membros do governo brasileiro. Eles alertam que essas novas medidas podem ser direcionadas individualmente, como foi o caso do ministro Alexandre de Moraes, que sofreu sanções sob a chamada Lei Magnitsky. Em julho, Moraes teve seus cartões de crédito bloqueados pelo Banco do Brasil devido a essas sanções. Além dele, outros sete ministros do STF enfrentaram restrições de visto, exceto aqueles que foram indicados por Bolsonaro, o que gera um clima de tensão entre as relações Brasil-EUA.
A avaliação do governo brasileiro
Os membros do governo brasileiro que conversaram com a imprensa expressaram que o presidente americano pode recalibrar sua abordagem em relação às ações de extrema direita, especialmente em um contexto global onde países como a Índia já estão sendo alvos de críticas por suas relações com a Rússia. O Brasil, que também tem relações comerciais com os russos, especialmente na compra de fertilizantes, poderia enfrentar problemas significativos no agronegócio se novas sanções forem aplicadas. Este setor é crucial para a base eleitoral da oposição bolsonarista.
Além das sanções, é importante notar que a condenação de Jair Bolsonaro fez com que figuras importantes nos EUA, como o ex-presidente Donald Trump, adotassem um tom mais brando ao comentar o julgamento, apesar do ataque lançado por Rubio e outros membros do Departamento de Estado.
A imagem do Brasil sob discussão
Segundo um membro da equipe do governo Lula, a imagem do Brasil diante da comunidade internacional se tornou bastante favorável após o julgamento de Bolsonaro e outros acusados de tentativas de golpes de Estado, demonstrando que o país não cedeu às “chantagens tarifárias” da Casa Branca, como o presidente Lula se referiu durante uma reunião com líderes do Brics. Isso sugere uma tentativa do Brasil de se afirmar no cenário internacional, apesar das pressões externas.
Questões comerciais ainda em aberto
No entanto, questões comerciais ainda não resolvidas estão no horizonte, como a investigação americana sobre práticas desleais de comércio com o Brasil, que investiga a implementação do Pix, um serviço de pagamentos que compete diretamente com empresas americanas de cartão de crédito. Esse contexto ressalta a complexidade das relações comerciais entre os dois países, especialmente em um momento de tensões políticas.
As expectativas sobre as novas sanções e medidas americanas nos próximos dias ressaltam a fragilidade da relação Brasil-EUA, ao mesmo tempo em que o Brasil busca consolidar sua posição no cenário internacional e preservar sua economia. O próximo anúncio do governo americano será um indicador crucial das direções futuras que essa relação pode tomar.