Nos dias 9 a 12 de setembro de 2025, Portugal foi palco do XVI Encontro de Bispos dos Países Lusófonos, onde líderes católicos de oito nações se reuniram sob o tema “viver a paz na hospitalidade”. Com representantes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, o evento destacou a importância da diversidade cultural e a dignidade dos migrantes e refugiados.
Acolhimento e integração na diversidade e dignidade
No comunicado final do encontro, os bispos enfatizaram a necessidade de acolhimento e integração dos migrantes nas comunidades, sublinhando que cada pessoa e cada família deve ser respeitada independentemente de sua origem. “Lutamos contra a legislação que atenta a esses princípios”, afirmaram, refletindo sobre o papel das Igrejas na construção de uma sociedade justa e solidária.
A reunião foi marcada por um espírito de oração e fraternidade, onde os participantes partilharam realidades e discutiram boas práticas pastorais. Um dos objetivos centrais foi identificar programas de colaboração entre as Igrejas e refletir sobre a vivência da hospitalidade, especialmente num momento em que o mundo enfrenta sérios desafios e crises globais. Os bispos destacaram a necessidade urgente de construir uma cultura de paz e respeito por aqueles que fogem da guerra e da violência.
Fraternidade e missão sem ceder a populismos
D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, lembrou a importância da memória comum e de erradicar os populismos que ameaçam a dignidade dos migrantes. Ao abrir os trabalhos, ele enfatizou: “A verdade purificadora da memória comum é necessária para sarar feridas e criar um futuro de autêntica fraternidade.”
O arcebispo também destacou que a língua portuguesa pode ser um elemento de sinodalidade, unindo as Igrejas lusófonas em sua missão de levar a salvação a todos. “Embora falemos a mesma língua de formas diferentes, isso não é indiferente. A sinodalidade deve nos mover à partilha e colaboração”, disse D. José Ornelas, ressaltando a importância do diálogo entre as Igrejas na era da globalização e das migrações.
Solidariedade e apoio a Cabo Delgado
O documento final trouxe uma mensagem de solidariedade especial ao povo de Cabo Delgado, em Moçambique, que tem enfrentado violência e desestabilização desde 2017. Os bispos clamaram para que a comunidade internacional se una na busca por paz na região, que há muito luta contra atrocidades e violações dos direitos humanos.
“Rezamos pelos povos que são vítimas das extremas violências e mortes”, afirmaram, pedindo aos líderes mundiais que estabeleçam o diálogo necessário para a construção da paz, reforçando a posição da Igreja em prol dos que sofrem e necessitam de apoio.
Igrejas querem ser pontes para acolher e partilhar
O encontro também foi uma oportunidade para aprofundar laços entre as Igrejas de expressão portuguesa. D. José Manuel Imbamba, arcebispo de Saurimo (Angola), destacou o papel das Igrejas em ser “pontes que unem”, unindo esforços para acolher os que precisam e partilhar as riquezas que brotam do amor divino.
“Queremos que todos tenham o alimento necessário para viver na dignidade de filhos de Deus”, afirmou, durante um momento em que muitos continentes enfrentam tensões e guerras que desafiam a paz e a coexistência pacífica.
O Encontro dos Bispos dos Países Lusófonos também contou com a presença do presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, e foi encerrado com celebrações na peregrinação internacional em Fátima. Este evento reafirmou o compromisso das Igrejas de trabalhar juntas em projetos concretos de cooperação pastoral e social, mostrando que a fé pode ser um forte elemento de união e esperança diante dos desafios globais.
Laudetur Iesus Christus
Para acompanhar a cobertura do evento, você pode ouvir a reportagem completa disponível no link abaixo.