Na semana passada, Charlie Kirk foi atingido por disparos enquanto falava em Utah, numa tragédia que reacende o debate sobre a violência armada nos Estados Unidos. Horas depois, uma escola do Colorado registrou mais um tiroteio, revelando a persistência dessa epidemia, mesmo com queda geral de crimes.
A singularidade da violência com armas nos EUA
Embora os índices de homicídio tenham registrado queda histórica — com aumentos pontuais no final do mandato de Donald Trump e uma redução de até 15,8% em 2024 — as mortes em tiroteios em massa continuam a marcar a consciência coletiva. Esses incidentes, embora responsáveis por pequena parcela das mortes, representam o terror cotidiano no país.
Fatores que alimentam os tiroteios em massa
A maior disponibilidade de armas altamente letais é uma das principais razões. Após a decisão do Supremo Tribunal de flexibilizar critérios de porte de armas em 2022, as vendas aumentaram, e a fiscalização diminuiu em vários estados. Hoje, quase meio bilhão de armas circulam nos EUA, acumulando um estoque que não diminui mesmo quando os homicídios diminuem.
Além disso, o cenário político contribui para a estagnação das reformas. Após o massacre de 17 pessoas na escola de Parkland, em 2018, organizações de defesa de controles mais rígidos começaram a intensificar sua atuação financeira, com aumentos de até 4.195% nas doações próximas às eleições. Contudo, o peso financeiro de grupos contrários aos limites às armas também cresceu, resultando em um impasse político.
Resposta internacional e o eterno impasse político
Outros países, como Austrália e Reino Unido, promovem mudanças regulatórias após tragédias e veem uma redução significativa nos ataques em massa. Nos EUA, massacres como Columbine, Sandy Hook e Uvalde não promoveram alteração substancial nas políticas públicas, evidenciando a desconexão entre opinião pública — que aprova leis mais restritivas — e decisões legislativas.
O papel da opinião pública
Pesquisas de opinião, como a Pew em 2023, mostram que uma maioria dos americanos apoia o banimento de armas de alto calibre, embora a maioria dos proprietários não use esses itens. Especialistas apontam que uma restrição às armas de alta capacidade seria uma das medidas mais eficazes para reduzir tiroteios em massa.
Perspectivas futuras para o controle de armas
Apesar do panorama de impasse, há esperança na mobilização de grupos de controle de armas, que aumentaram suas ações financeiras e políticas. A mudança de postura demonstra que o tema permanece em evidência, mesmo em meio a uma polarização que torna difícil a aprovação de leis mais severas.
A batalha por uma legislação mais rígida acompanha o paradoxo de uma sociedade que, apesar de baixar números de crimes gerais, enfrenta uma epidemia de violência que parece estar além do alcance de políticas tradicionais.