Durante o Ano Jubilar, um tema recorrente é a verdadeira essência da esperança, que nos convida a ver cada momento da vida como uma oportunidade de eternidade. No que diz respeito à mensagem cristã, a encarnação de Cristo é um aspecto fundamental que revela como o amor divino se aproxima da humanidade e proporciona uma nova perspectiva sobre a vida e a salvação.
A encarnação: a união do humano e do divino
Em uma reflexão profunda, Pe. Gerson Schmidt destaca que a encarnação de Cristo não é apenas um evento histórico, mas a manifestação do amor de Deus que se fez próximo da humanidade. O eterno entrou no tempo, trazendo consigo a possibilidade da redenção. Assim, Jesus, o Verbo que se fez carne, é a ponte que une o humano ao divino, revelando que a salvação não é um conceito distante, mas uma realidade presente que nos dá sentido e esperança na caminhada terrena.
Essa perspectiva de eternidade faz com que a encarnação não apenas ilumine nossa vida presente, mas também nos ofereça uma expectativa esperançosa da plenitude futura. A obra de Cristo aponta para um encontro definitivo com Deus, revelando que, em Cristo, a vida se estende para além das limitações do tempo e do corpo.
Reflexão sobre a encarnação e a ressurreição
À luz dos escritos de Kierkegaard, Pe. Schmidt argumenta que a esperança cristã é inseparável da ressurreição, sendo ambas partes de um todo que nos propõe um caminho claro até Deus. O Natal, que celebra a encarnação, e a Páscoa, que comemora a ressurreição, são igualmente fundamentais para a fé cristã. Através desses eventos, a eternidade é repleta de significado e garantias. Não se trata apenas de celebrar um acontecimento que já ocorreu, mas de vivenciá-lo diariamente como um ato de esperança.
Kierkegaard enfatiza que a verdadeira esperança não se traduz em otimismo ingênuo, mas na aceitação corajosa da vida nas mãos de Deus, mesmo diante das adversidades. Esta esperança madura é o que dá sentido à existência e molda a busca por um propósito maior em nossa jornada. Quando alguém se encontra em desespero, a esperança deve ser a luz que o guia em direção a novas possibilidades.
A esperança como antídoto para o desespero
O filósofo menciona que a falta de esperança leva ao desespero, e é nesse momento que a mensagem da esperança deve ser mais proeminente. As pessoas precisam encontrar possibilidades em meio às dificuldades. Isso é destacado por Kierkegaard, que afirma que uma “possibilidade é a única coisa que salva” diante do desespero. Aqueles que não veem mais possibilidades se tornam mortos-vivos, carecem de motivação e alegria, limitando suas perspectivas futuras.
Portanto, a esperança se transforma em um antídoto essencial contra o desespero. É a força que possibilita a cada indivíduo descobrir um novo sentido para a vida e encarar os desafios com vigor. Quando apresentamos a mensagem de esperança, trazemos luz àqueles que estão em situações difíceis, lembrando-os das promessas de vida e alegria presentes na mensagem cristã.
A virtude da esperança para toda a vida
Conforme Pe. Schmidt observa, a virtude da esperança vai além de uma crença juvenil; é uma qualidade que deve ser cultivada ao longo da vida. Mesmo na velhice, a esperança deve ser vista como uma força criativa que possibilita a renovação das perspectivas diante dos desafios. Para quem não acredita numa perspectiva futura, a vida parece não ter valor, mas a esperança traz consigo uma transformação contínua em direção ao bem.
Em suma, peregrinar na esperança é descobrir, em cada momento vivido, a perspectiva da eternidade. A narratividade da encarnação nos impulsiona a viver com o coração aberto, permitindo que a criatividade da existência se manifeste em nossas vidas. É essencial que nos perguntemos: como estamos entrelaçando nossa existência com a esperança que emana de Cristo? Ao fazer isso, somos convidados a caminhar por um caminho de fé, iluminados pela certeza de que a eternidade já começou e que cada instante é precioso.
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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