O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrou com um recurso nesta semana na tentativa de obter uma sentença que permita sua demissão de Lisa Cook, diretora do Federal Reserve (Fed), antes da reunião que decidirá as próximas taxas de juros. A ação ocorre em meio a acusações de fraude hipotecária que envolvem a economista.
Desafios jurídicos na tentativa de destituição de Lisa Cook
Trump pediu ao tribunal de apelações de Washington que suspendesse temporariamente a liminar emitida em setembro, que impede sua exoneração enquanto o processo judicial tramita. A Justiça dos EUA analisa se a decisão do tribunal inferior foi adequada, considerando as acusações envolvendo Cook, que teria declarado residências como sua principal moradia para obter melhores condições de financiamento.
Reclamações e argumentos legais
O Departamento de Justiça argumentou que Lisa Cook não apresentou explicações convincentes para contraditórias declarações nos contratos hipotecários, apontando que tal omissão justificaria a suspensão da liminar. Segundo a petição, “ela não contestou as alegações, o que por si só já é motivo para suspensão”.
O advogado de Cook, Abbe Lowell, argumenta que a permanência de Cook no Fed é vital para a independência do Banco Central. Ele alerta que uma decisão favorável ao Trump poderia abrir precedentes perigosos, destruindo a autonomia do órgão e trazendo riscos à estabilidade econômica.
Contexto e avaliações
Trump tenta demitir Cook após a descoberta de que ela declarou uma propriedade na Geórgia como “casa de veraneio” em documentos de crédito, antes de assumir o cargo. A decisão do tribunal de apelações deve sair até segunda-feira e pode abrir caminho para uma apelação na Suprema Corte, caso a liminar seja rejeitada.
A disputa reflete a preocupação do ex-presidente de que suas ações possam afetar o funcionamento do Federal Reserve, especialmente com a reunião sobre juros marcada para os dias 16 e 17 de setembro. Especialistas alertam que a interferência política na independência do Banco Central pode prejudicar a economia.
Perspectivas e consequências
Se o tribunal de apelações decidir manter a liminar, Trump deverá recorrer à Suprema Corte, prolongando o impasse. Por sua vez, o Federal Reserve afirmou que irá respeitar a decisão judicial, o que mantém aberta a possibilidade de alterações na composição do órgão.
O caso evidencia a delicada relação entre política e economia nos EUA, destacando os riscos de decisões que possam afetar a credibilidade do sistema de autonomia do Fed.
Fonte: O Globo