Um estudo do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos apontou os setores que devem liderar a criação de empregos até 2034, impulsionados por envelhecimento populacional e transformação digital. Apesar de baseado na realidade americana, especialistas afirmam que as tendências também se refletem no Brasil, com algumas diferenças no ritmo de adoção.
Setores em alta no futuro do mercado de trabalho
Segundo a pesquisa, as áreas de saúde e assistência social devem crescer 8,4% até 2034, devido ao aumento de doenças crônicas e ao envelhecimento da população. Profissionais como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e cuidadores terão alta demanda tanto em hospitais quanto em serviços domiciliares e de longa permanência.
Já os setores de serviços profissionais, científicos e técnicos — incluindo análise de dados, inteligência artificial, softwares e consultorias — devem registrar crescimento de 7,5%. A evolução tecnológica continuará a gerar oportunidades nestas áreas, que suportam a inovação em empresas e órgãos públicos.
Expansão no setor de informação e mídia digital
Com um aumento previsto de 6,5%, o setor de informação, telecomunicações e mídia digital destaca-se pelo avanço do streaming, consumo de conteúdo online e ampliação da internet de alta velocidade. A demanda por profissionais em tecnologia da informação deve se manter forte nos próximos anos.
Outros setores que também devem experimentar crescimento são construção (4,4%), transporte, armazenamento e logística relacionados ao comércio eletrônico, além de hospedagem, alimentação, artes e entretenimento, refletindo a retomada econômica pós-pandemia.
Setores em retração ou com menor expansão
Por outro lado, setores como comércio varejista e mineração tendem a encolher, principalmente devido ao crescimento do e-commerce e ao uso de automação e robótica. A automação na mineração também reduz a necessidade de mão de obra tradicional, com uso de drones e robôs para operações mais eficientes.
Segundo o estudo, o comércio varejista pode registrar queda de 1,2%, devido ao avanço digital. A mineração, petróleo e gás devem diminuir 1,6%, refletindo a transição energética e a adoção de tecnologias mais autônomas.
Impactos específicos no Brasil
Ao aplicar essas tendências ao contexto brasileiro, especialistas alertam para diferenças no ritmo de implementação. Taís Targa, consultora de carreiras, explica que questões políticas, sociais, econômicas e a infraestrutura mais precária aumentam o tempo para que as mudanças ocorram no país.
Entretanto, setores como saúde e energia renovável apresentam boas perspectivas. A maior demanda por eletricidade, carros elétricos e fontes renováveis, como energia solar, eólica e geotérmica, deve impulsionar o mercado, criando cerca de 50 mil empregos em fabricação de baterias, componentes elétricos e manutenção de parques de energia limpa.
Segundo Targa, o Brasil costuma adotar novas tendências com atraso de aproximadamente cinco anos em relação aos EUA, mas o avanço tecnológico recente pode diminuir essa defasagem. Ainda assim, os altos custos de implementação e a infraestrutura energética representam obstáculos para o ritmo de mudança.
O papel das energias renováveis e inovação
Palco de expansão, o setor de transição energética deve transformar o mercado de trabalho brasileiro. Com o aumento da geração de eletricidade por fontes renováveis e o crescimento de veículos elétricos, há previsão de geração de novas vagas em instalação, manutenção e desenvolvimento de sistemas de energia alternativa.
De acordo com o estudo do Bureau of Labor Statistics (BLS), a projeção de crescimento da economia americana até 2034 prevê criação de 5,2 milhões de empregos, uma expansão de 3,1%. O cenário aponta que as mudanças sociais, tecnológicas e ambientais irão moldar o futuro do mercado de trabalho globalmente.
Especialistas ressaltam que, apesar das diferenças de velocidade, a tendência de crescimento em setores ligados à saúde, tecnologia e energia deve se consolidar no Brasil, promovendo a formação de novas profissões e oportunidades de emprego nos próximos anos.
Fonte: G1 – Os trabalhos que vão crescer ou encolher até 2034, segundo o IBGE dos EUA
