Na tarde do último domingo, 14 de setembro, o Papa Leão XIV presidiu uma celebração na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, em memória dos novos mártires e testemunhas da fé do século XXI. Com a presença de representantes de diversas Igrejas Ortodoxas e Comunhões cristãs, o evento teve como intuito não apenas recordar os que perderam a vida por sua fé, mas também inspirar uma reflexão profunda sobre a coragem e o compromisso deles.
A força do Evangelho frente à violência
Durante a cerimônia, o Papa ressaltou que a verdadeira força não se baseia na violência, mas na mansa força do Evangelho. Ele evocou o exemplo da Irmã Dorothy Stang, uma missionária que dedicou sua vida à causa dos sem-terra na Amazônia. Ao ser abordada por aqueles que a ameaçavam, mostró-lhes a Bíblia e disse: “Esta é a minha única arma”. Essa citação emblemática reflete a essência do testemunho cristão em um mundo frequentemente marcado pelo ódio e pela desigualdade.
A celebração, que ocorreu na Festa da Exaltação da Santa Cruz, foi um momento de união entre diferentes tradições cristãs. O Papa Leão XIV observou que, “aos pés da cruz de Cristo, devemos lembrar dos servos corajosos do Evangelho, que enfrentam calúnias e perseguições.” Em suas palavras, ele rememorou que esses mártires, ao contrário do que o mundo pode julgar, são protagonistas de uma esperança plena e imortal.
Os mártires e suas histórias de vida
O Santo Padre mencionou não apenas a Irmã Dorothy, mas também outros mártires como o Padre Ragheed Ganni, um sacerdote caldeu do Iraque, e o Irmão Francis Tofi, que deu a vida pela paz nas Ilhas Salomão. Leão XIV destacou que a perseguição aos cristãos não terminou com o fim das grandes ditaduras do século XX; ao contrário, ela aumentou em várias regiões do mundo.
“Precisamos lembrar e honrar esses testemunhos vivos de fé e compromisso com a justiça e a liberdade religiosa, que têm um papel fundamental na promoção de uma sociedade mais justa e solidária”, afirmou o Papa. A memória desses mártires, segundo ele, não é apenas uma homenagem, mas um compromisso de continuar a luta pela dignidade humana e pelos valores cristãos.
A vitalidade da Comissão para os Novos Mártires
Outro aspecto importante abordado pelo Papa foi a criação da Comissão para os Novos Mártires pelo Papa Francisco em 2023. Essa iniciativa tem como objetivo investigar e reconhecer os mártires contemporâneos, proporcionando um espaço para que suas histórias e vidas sejam preservadas na memória coletiva da Igreja. Desde a sua formação, mais de 1600 mártires do século XXI foram reconhecidos, oferecendo um testemunho poderoso do sacrifício e da fidelidade à mensagem do Evangelho.
O Pontífice destacou o valor da unidade proveniente da cruz, afirmando que “a unidade vem da Cruz do Senhor”. Ele também se lembrou de uma triste história de uma criança paquistanesa, Abish Masih, que perdeu a vida em um atentado, mas idealizou um mundo melhor. “Que o sonho desta criança nos incentive a testemunhar com coragem a nossa fé”, disse Leão XIV.
Um chamado à ação e à esperança
A celebração na Basílica de São Paulo, um dos maiores templos cristãos, não foi apenas uma recordação, mas um chamado à ação. Num tempo em que as divisões e a violência parecem prevalecer, Leão XIV pediu que todos se unissem em torno dos valores do amor, da solidariedade e da justiça. “Devemos lembrar que o amor e a compaixão são nossas armas mais poderosas”, concluiu o Papa.
Este evento significativo não apenas homenageou os mártires, mas também inspirou os presentes a embarcar em uma jornada de fé que injetasse esperança em um mundo que muitas vezes parece sombrio e dividido. É um lembrete de que a luta pelo bem e pela justiça nunca é em vão, e que a verdadeira força é aquela que se expressa na paz.