A primeira-dama do Brasil, Rosângela da Silva, conhecida como Janja, abordou a repercussão de suas falas e a pressão que enfrenta para se encaixar em um papel tradicionalmente esperado. Em uma entrevista concedida ao jornal “Folha de S. Paulo”, Janja afirmou que não mudou sua postura e que se recusa a ser colocada em uma “caixinha” que limita suas ações e expressões. Suas palavras refletem a busca por um protagonismo próprio e uma crítica à forma como as primeiras-damas são frequentemente vistas pela sociedade.
Desafio da visibilidade feminina
Em sua declaração, Janja destacou os desafios que as mulheres enfrentam em posições de destaque, especialmente em funções públicas. “Historicamente a primeira-dama é colocada em uma caixinha, para fazer filantropia, visitar obras sociais. Quiseram me colocar numa caixinha, mas desde o começo eu falei que esse não é o meu perfil”, salientou. Essa frase menciona uma luta mais ampla por reconhecimento e uma luta constante contra estereótipos de gênero.
As críticas que Janja recebeu após sua visita à China foram particularmente duras. Na ocasião, ela conversou com o presidente chinês, Xi Jinping, sobre os efeitos nocivos da plataforma TikTok sobre crianças e mulheres. “A gente teve o caso da menina de 8 anos que morreu cheirando desodorante em Brasília, ao participar de um desafio do TikTok. Eu falei sobre isso com o presidente Xi e a primeira-dama da China. Eu estava muito impactada com aquilo. E fui duramente criticada no Brasil”, relatou.
Repercussões das críticas
A pressão sobre Janja se intensificou após essas declarações que expuseram questões sociais relevantes, mas que também foram vistas como controvérsias. “Nada mais triste para uma mãe ou um pai do que perder um filho dessa forma. Eu quis alertar sobre os perigos que essa rede social pode trazer, mas não fui compreendida da maneira que esperava”, enfatizou Janja. Essa situação exemplifica a complexidade do papel da primeira-dama em um Brasil onde a saúde mental e o uso consciente das redes sociais são temas candentes.
A adaptação ao novo papel
Além das críticas sociais, Janja também comentou sobre a necessidade de adaptação ao seu novo papel. “Não posso sair cantando como fazia durante a campanha. Era o momento de estar fazendo aquilo. A gente precisa saber se colocar nos lugares em que estamos”, comentou. Essa fala revela uma consciência de que a vida pública exige um comportamento mais moderado e ponderado, mesmo que isso não signifique abrir mão de suas convicções pessoais.
Janja reforçou que, apesar das dificuldades, não mudará sua essência. “Eu não entrei na caixinha. Toda hora querem me empurrar para dentro da caixinha. E eu sempre digo ‘ali, não. Não vou entrar nessa caixinha’”, disse. Essa frase é um forte grito de resistência contra as pressões sociais e mostra como a primeira-dama pretende manter sua autenticidade em um papel que pode ser, muitas vezes, restritivo.
Reflexões finais
A jornada de Janja como primeira-dama revela as tensões contemporâneas que envolvem figuras públicas, especialmente mulheres, que precisam lidar com a imagem que a sociedade constrói a respeito delas. Ao invés de se calar, ela escolheu enfatizar suas opiniões e defender sua visão, sendo um exemplo de resistência e determinação. A forma como lidará com as críticas e o papel que hoje ocupa permanecerá em foco, à medida que ela busca equilibrar suas convicções pessoais e as expectativas de seu novo cargo.
Com seu estilo de atuação, Janja reafirma que a importância de ser verdadeiro e autêntico pode superar a pressão de se encaixar em padrões pré-definidos, destacando a necessidade de preservar a individualidade num espaço com tantas cobranças e olhares críticos.
