No coração de Beirute, o dançarino Alexandre Paulikevitch, vestido de vestido branco e peruca, subiu ao palco para uma performance que não apenas desafiou as normas sociais, mas também atraiu a atenção de grupos extremistas que o ameaçaram antes do show. A sua apresentação lotada foi recebida com aplausos entusiasmados, mas também gerou raiva em movimentos fundamentalistas, incluindo cristãos de direita e islamitas sunitas.
A controvérsia da performance
Paper como um dançarino que expressa sua arte através do movimento sensível e clássico, Paulikevitch se posiciona contra as noções de que está “promovendo a homossexualidade” por suas vestimentas e dança. Ele defende que suas expressões artísticas são uma forma de quebrar normas sociais e trazer de volta um estilo de dança que era comum para os homens até o início do século XX. “Eu não promovo nada, estou apenas dançando”, disse ele antes do show, afirmando sua determinação em continuar seu trabalho artístico apesar das ameaças.
O Líbano é considerado uma das nações mais tolerantes da região em relação aos direitos LGBTQ+, mas a comunidade ainda enfrenta perigos constantes. Paulikevitch afirma que a sociedade atual tende a rotular as expressões de gênero como parte de uma agenda oculta de conversão, uma ideia que ele refuta, questionando porque a conversão não ocorreu nas décadas passadas se fosse o caso.
Uma noite de resistência
Durante sua performance, o dançarino de 43 anos cativou o público enquanto se movia sob os holofotes, com seu lábio batom e olhos delineados brilhantes. Ele observou a plateia que filmava sua apresentação, muitos aplaudindo com entusiasmo. “Dançamos porque não temos outra opção. Dançamos porque, independentemente do que aconteceu e do que está acontecendo conosco, esta é a nossa resistência”, declarou Paulikevitch após o primeiro ato.
A apresentação ocorreu em um momento crítico para o Líbano, que enfrenta uma grave crise política e econômica desde 2019, com mais da metade da população vivendo na pobreza. Apesar das dificuldades, a comunidade LGBTQ+ tem contado com apoio de algumas casas noturnas em Beirute, que acolhem os direitos queer e até organizam shows de drag. No entanto, a repressão à liberdade de expressão aumentou, refletindo tensões sociais que afetam a comunidade.
O apoio à arte e à comunidade
A presença de forças de segurança do lado de fora do local do show era evidente, mas Paulikevitch decidiu não se esconder. O local recebeu apoio adicional de proteção policial, com o gerenciamento tendo recebido ligações expressando preocupações sobre o evento. No entanto, apenas o público compareceu, demonstrando solidariedade ao artista e à causa.
Infelizmente, à medida que os defensores dos direitos LGBTQ+ confrontam um crescente conservadorismo e ataques, o Líbano tem visto eventos violentos contra essa comunidade, comparáveis às guerras culturais que ocorrem em outros lugares do mundo. Neste verão, tentativas de proibição de expressões e filmes sugeridos como “promotores da homossexualidade” tornaram-se frequentes.
A dança como ato político
Por detrás de sua maquiagem e figurino, Paulikevitch vê sua atuação como um ato político. Ele expressa um desejo de que a arte não imponha ideias a outros, mas sim respeitar a individualidade. “Eu respeito você, mesmo que você não me respeite”, afirma Paulikevitch, que, apesar de seu histórico de detenções e agressões devido à sua sexualidade, permanece otimista sobre o futuro do ativismo e da expressão artística no Líbano.
“Colocar essa maquiagem e vestir esses trajes é um ato político, quer eu queira ou não. Isso é resistência”, finaliza ele, olhando para o futuro. “Eu sei que estou pagando um alto preço, mas talvez eu possa inspirar alguém.”
À medida que o evento termina e os aplausos ecoam, a determinação de Paulikevitch em prosseguir com suas performances ficará marcada na memória de seus apoiadores, um símbolo de resistência e coragem em tempos desafiadores.