Brasil, 13 de setembro de 2025
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Mudança na regra de acolhimento de afegãos no Brasil dificulta reencontro de adolescentes com as famílias

Adolescentes afegãos em abrigo no Brasil aguardam reencontro com seus pais, mas enfrentam barreiras burocráticas após nova portaria do governo.

No Brasil, a história de dois adolescentes afegãos, primos e refugiados, se destaca em meio a uma situação alarmante que envolve burocracia e a difícil busca pelo reencontro familiar. Com a recente alteração nas diretrizes de acolhimento para afegãos, muitos jovens que chegaram ao país em busca de segurança e proteção se encontram em um impasse emocional e existencial.

Adolescentes afegãos em abrigo

Os dois jovens, ambos de 17 anos, vivem em um abrigo no estado de São Paulo e aguardam há quase dois anos a oportunidade de rever suas famílias. Eles chegaram ao Brasil sozinhos em 2023, fugindo do cenário de violência e crise humanitária no Afeganistão. Seus pais conseguiram deixar o país, mas se refugiaram no Irã, onde enfrentam dificuldades crescentes e não conseguem seguir para o Brasil devido a entraves burocráticos.

Segundo a Defensoria Pública da União (DPU), que acompanha o caso, tanto os adolescentes quanto seus familiares estão lidando com a angústia da separação. Relatos indicam que os meninos apresentam sinais de abalo emocional em relação à incerteza do reencontro.

Famílias separadas por barreiras burocráticas

Os adolescentes, que mantêm contato com seus parentes através de celular e computadores sempre que as condições de segurança e conectividade permitem, estão conscientes das dificuldades de suas famílias. Os pais, atualmente em Isfahan, Irã, enfrentam uma severa repressão da polícia e não têm permissão para trabalhar, aumentando o risco de expulsão. O primo do primeiro adolescente expressa o desejo de trazer sua mãe, destacando o impacto emocional que a ausência familiar causa na saúde mental dos jovens.

De acordo com a DPU, a situação se agravou com a nova portaria do Ministério das Relações Exteriores, que endureceu as regras para concessão de vistos humanitários. Agora, é exigido que os familiares apresentem uma carta convite de entidades da sociedade civil para conseguir o visto, o que não é viável para os pais dos meninos, resultando na negativa dos pedidos de acolhimento.

A saúde mental em risco

O defensor público federal Murillo Ribeiro Martins enfatiza que a recusa do governo tem consequências diretas sobre a saúde mental dos jovens. Ele revela que um deles chegou a apresentar sintomas de depressão devido à incerteza em relação ao reencontro. Apesar do abrigo oferecer infraestrutura mínima, como alimentação e educação, a falta da presença dos familiares torna a situação ainda mais desafiadora para eles.

Dados alarmantes de migração

Os dados do Unicef revelam a gravidade da situação: a migração de crianças desacompanhadas na América Latina e no Caribe alcançou níveis recordes em 2023. No Brasil, mais de 300 crianças e adolescentes chegaram sozinhos a cada mês no ano passado, em função de perseguições, guerras ou fome. O direito ao reencontro familiar é considerado prioridade na proteção de menores migrantes, segundo um guia elaborado pela agência da ONU.

Esperanças e sonhos de um futuro melhor

Enquanto aguardam uma solução sobre os vistos, os dois adolescentes tentam viver suas vidas cotidiana. Eles frequentam a escola, sonham em se tornar jogadores de futebol ou chefs de cozinha, e se sentem acolhidos em solo brasileiro. Uma das mensagens mais tocantes veio da mãe de um dos adolescentes, que deseja que seus filhos possam retornar a se reunir com suas famílias, afirmando: “Escolhemos o Brasil porque é um país acolhedor, e as pessoas são muito gentis”.

Em um cenário repleto de incertezas, a história desses jovens nos lembra da força do vínculo familiar, e do árduo caminho que muitos trabalhadores têm que percorrer para alcançar segurança e estabilidade, não apenas para si, mas também para suas famílias. Enquanto as políticas públicas não se adaptam à nova realidade que os afegãos enfrentam, muitos continuarão esperando pela possibilidade de reencontro e pela chance de um futuro melhor.

O caso desses adolescentes é um alerta para a importância de políticas que garantam a proteção e a reunificação familiar para crianças e adolescentes refugiados. A necessidade de reformas se torna evidente, pois sem elas, mais histórias como a deles continuarão a se desenrolar, marcadas pela saudade e pela luta por um reencontro.

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