A recente sanção de uma nova lei pelo governo federal trouxe um grande avanço no direito à saúde das mulheres brasileiras. A legislação, que amplia o acesso à cirurgia de reconstrução mamária pelo Sistema Único de Saúde (SUS), está causando um impacto significativo na vida de muitas mulheres que enfrentam ou enfrentaram desafios relacionados ao câncer de mama e outras situações que resultam em mutilação. Em regiões como Campinas, no estado de São Paulo, o número de cirurgias de reconstrução tem aumentado consideravelmente, refletindo a importância dessa conquista.
Um aumento nas cirurgias de reconstrução em Campinas
Desde 2020, a região de Campinas tem visto um aumento notável nas cirurgias de reconstrução mamária. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, em 2022, foram realizadas 297 internações para esses procedimentos, um aumento de 39% em relação a 2020, quando 215 cirurgias foram registradas. Esse crescimento não apenas aponta para uma maior conscientização sobre a importância da saúde mamária, mas também para a eficácia da nova legislação que garante acesso a essas cirurgias.
Claudinei Bolivio, uma revendedora de cosméticos de Campinas, é um exemplo vivo de como a reconstrução pode transformar vidas. Após lutar contra o câncer desde 2004 e aguardar três anos pela cirurgia, Claudinei expressa sua emoção ao recordar a experiência: “O que eu mais sonhava era com a reconstrução. Eu nem me importava se ia sofrer na cirurgia, porque é sofrido, né? Mas eu estava feliz, eu estava feliz. [..] Eu me senti bonita”, relata com um sorriso no rosto.
O novo direito à reconstrução mamária
A nova legislação, sancionada em julho, amplia o direito à cirurgia de reconstrução para todas as mulheres que experimentaram mutilação, não apenas aquelas em tratamento ativo de câncer. Essa mudança é vista como uma vitória para os direitos das mulheres e representa uma mudança significativa nas políticas de saúde pública no Brasil.
Vera Figueiredo, amiga de Claudinei, é outro exemplo do impacto dessa lei. A aposentada ficou sem seios por 10 anos após retirar as mamas para tratar um câncer em 2020. A legislação atual permitirá que mulheres como Vera tenham acesso à reconstrução, oferecendo a chance de recuperar a autoestima e o bem-estar.
Entendendo a cirurgia de reconstrução
De acordo com César Cabelo dos Santos, mastologista e coordenador do setor de oncologia do Hospital da Mulher da Unicamp, a cirurgia de reconstrução mamária busca reparar as alterações causadas pela mastectomia, que é a remoção parcial ou total da mama. “A gente tenta reparar, fazer com que a mama volte a ter aquele formato adequado. E faz parte da reconstrução a gente simetrizar o outro lado também, porque a mama é um órgão duplo, então essa harmonia é muito importante para as mulheres”, explica o médico.
O processo de escolha do método para a reconstrução depende de diversos fatores, incluindo o tipo de mama, a quantidade de tecido disponível, a saúde da paciente e suas preferências pessoais. Com a nova legislação em vigor, espera-se que haja um aumento na procura por esses procedimentos à medida que mais mulheres tomam conhecimento de seus direitos.
A importância da informação e conscientização
A crescente taxa de cirurgias de reconstrução mamária em Campinas é um sinal positivo de que as mulheres estão se informando sobre seus direitos e buscando tratamento. A conscientização sobre as opções disponíveis e a luta por acessibilidade nos serviços de saúde são cruciais para garantir que todas as mulheres tenham acesso a cuidados adequados.
Com a nova lei, é fundamental que profissionais de saúde e a sociedade em geral continuem promovendo a informação sobre os direitos das mulheres em relação à saúde mamária e à importância da reconstrução. Essa trajetória de conscientização não apenas melhora a qualidade de vida das pacientes, mas também empodera as mulheres a reivindicarem suas necessidades e direitos.
Enquanto o acesso à cirurgia de reconstrução mamária pelo SUS e por planos de saúde se expande, mulheres como Claudinei e Vera estão finalmente tendo a oportunidade de recuperar não apenas sua saúde, mas também sua autoestima e identidade. Essa é uma conquista histórica que destaca a importância do cuidado com a saúde da mulher no Brasil.
