John Malone, um dos magnatas do cabo mais influentes que você provavelmente nunca ouviu falar, está de volta ao centro das atenções com seu novo memoir “Born to Be Wired”. Malone, que teve um papel crucial na transformação da televisão a cabo, discutiu sua visão sobre a indústria de notícias e a política americana em uma longa entrevista. Ele não é uma figura pública comum e admite ser recluso, mas suas observações são provocativas e reveladoras.
A ascensão da indústria de notícias a cabo
Durante a conversa, Malone abordou a evolução da indústria de notícias de cabo, que se estabeleceu e diversificou ao longo do século 20. Ele refletiu sobre como os sistemas atuais de informações permitem que as pessoas consumam apenas aquilo que lhes agrada, o que, segundo ele, “não é bom para a democracia”. Essa homogeneização das informações fortalece a polarização política, contribuindo para uma sociedade menos informada.
Crítica ao Big Tech e à dependência da tecnologia
Malone, que frequentemente criticou regulamentações governamentais que considera excessivas, agora se posiciona como defensor de uma supervisão mais rigorosa das gigantes da tecnologia. “Esses caras são, em grande parte, químicos do cérebro”, comentou ele, se referindo aos líderes do setor que, segundo ele, compreendem muito bem a ciência da adição. Malone fez uma analogia com a indústria de bebidas, ressaltando que “todas as grandes fortunas são feitas em substâncias viciantes”.
Apesar das suas críticas, ele não deixou de reconhecer o gênio de figuras como Mark Zuckerberg, Sam Altman e Elon Musk, considerando-os como “heróis de uma sociedade capitalista”. Para Malone, a linha que separa o avanço tecnológico dos riscos representados pela dependência é tênue, e esse equilíbrio deve ser constantemente avaliado.
A responsabilidade da mídia
Malone também compartilhou suas opiniões sobre a cobertura da CNN, a qual considera enviesada. Ele reconhece que é um desafio separar a opinião pessoal da reportagem objetiva, especialmente quando lida com figuras controversas como o ex-presidente Donald Trump. “É muito difícil para eles se separarem do seu ponto de vista”, disse, levantando a questão se a solução seria ter um canal oposto, o que poderia gerar um efeito de eco dentro da própria bolha de crenças.
Desafios políticos e a visão de futuro
Em um tom preocupado, Malone abordou os desafios enfrentados pela política americana. Ele acredita que os problemas atuais estão além da capacidade de resolução do Congresso, que, segundo ele, tem transferido responsabilidades excessivas para o Poder Executivo, o que pode resultar em um tipo de “totalitarismo do ramo executivo”.
Reconhecendo-se como um solucionador de problemas, Malone admite que não possui uma solução clara para a divisão política nos Estados Unidos. Ele sugere que o país poderia se beneficiar de um líder como Ronald Reagan, que soubesse trabalhar de forma colaborativa entre os partidos. O atual estilo do presidente Joe Biden, no entanto, não se encaixa nesse perfil, segundo Malone.
Uma reflexão sobre a liderança
Malone expressou um apreço nebuloso pelas políticas de Trump, mas temê-los como disruptivas e divisivas, o que o leva a questionar a capacidade de os Estados Unidos sobreviverem a esse tipo de liderança ao longo do tempo. Ele conclui que a situação atual exige uma reflexão profunda sobre o futuro da democracia e da sociedade americana, num momento em que a divisão parece ser a norma.
Para ler mais sobre a visão de Malone, você pode conferir seu livro “Born to Be Wired” e acompanhar a série completa no PBS, YouTube ou em sua plataforma de podcasts favorita. E não se esqueça de seguir as atualizações através das redes sociais, para continuar por dentro das questões que moldam a mídia e a política atualmente.