Brasil, 13 de setembro de 2025
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Identificação de restos mortais do pianista brasileiro Tenório Jr.

O corpo do pianista brasileiro Francisco Tenório Cerqueira Júnior foi identificado após 49 anos de seu desaparecimento em Buenos Aires.

O reconhecimento de Francisco Tenório Cerqueira Júnior, mais conhecido como Tenório Jr., foi oficialmente informado neste sábado (13). Este momento emblemático ocorreu 49 anos após seu desaparecimento em Buenos Aires, em março de 1976, véspera do golpe militar argentino. A confirmação de sua identidade se deu por meio de exames de impressões digitais, realizados em colaboração com a Justiça argentina e a Embaixada do Brasil.

A trajetória de Tenório Jr. na música brasileira

Considerado um dos maiores nomes da música instrumental do Brasil, Tenório Jr. ganhou destaque principalmente no samba-jazz e na bossa nova. Sua carreira foi repleta de colaborações ao lado de ícones da música, como Vinicius de Moraes, Toquinho e Leny Andrade. Ele deixou uma marca indelével em álbuns clássicos e festivais renomados no Brasil e no exterior.

O pianista nasceu em 4 de julho de 1940, no bairro das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Iniciou sua formação musical aos 15 anos, estudando acordeão e violão, até se tornar um virtuoso do piano, que o consagraria como uma figura central no samba-jazz. Na década de 1970, Tenório tornou-se uma presença notável no cenário musical do Beco das Garrafas, em Copacabana, reconhecido pela fusão do jazz com ritmos brasileiros.

Colaborações e contribuições musicais

Ao longo de sua carreira, Tenório Jr. participou de gravações históricas e festivais importantes. Algumas de suas contribuições mais memoráveis incluem:

  • **É Samba Novo**, de Edson Machado;
  • **Arte Maior**, de Leny Andrade (com o Tenório Jr. Trio);
  • **Desenhos**, de Victor Assis Brasil;
  • **O LP**, de Os Cobras;
  • **Vagamente**, de Wanda Sá.

Além dessas participações, o pianista lançou seu único disco solo, o LP instrumental “Embalo”, em 1964, que é considerado um marco no samba-jazz.

O desaparecimento e as consequências

Em março de 1976, Tenório Jr. se juntou a artistas renomados como Vinicius de Moraes e Toquinho para uma turnê na Argentina e no Uruguai. Após uma apresentação no Teatro Gran Rex, em Buenos Aires, ele desapareceu. Investigações revelaram que Tenório foi confundido com um militante político e detido por agentes do serviço secreto da Marinha argentina, sendo levado para a Escola de Mecânica da Armada (ESMA), um centro clandestino de detenção e tortura. Lá, foi mantido por nove dias antes de ser executado.

Seu corpo foi encontrado em 20 de março de 1976, em um terreno baldio nos arredores de Buenos Aires, e enterrado como indigente no Cemitério de Benavídez. Na época, seu desaparecimento passou despercebido no Brasil, em grande parte devido à censura imposta pela ditadura militar vigente.

A identificação e o legado de Tenório Jr.

A identidade de Tenório Jr. só foi confirmada em 2025, após décennies de buscas incansáveis. A equipe argentina de Antropologia Forense foi responsável pelos exames que possibilitaram a identificação. A Embaixada do Brasil expressou gratidão às autoridades argentinas por seus esforços na busca pela memória, verdade e justiça.

A morte de Tenório Jr. se tornou um símbolo da brutalidade das ditaduras na América Latina contra civis inocentes. Ele deixa sua esposa, além de cinco filhos, incluindo um bebê de apenas três meses à época do seu desaparecimento. O legado musical de Tenório Jr. continua vivo, reverberando entre músicos e admiradores da música instrumental brasileira até os dias de hoje.

Esse reconhecimento tardio serve como um lembrete importante da luta por justiça e do valor da memória na preservação da história e dos direitos humanos.

Mais informações podem ser encontradas no [g1](https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/09/13/tenorio-jr-quem-foi-o-pianista-parceiro-de-vinicius-de-moraes-sumido-na-ditadura-argentina-e-identificado-morto-50-anos-depois.ghtml).

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