Brasil, 13 de setembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Cultura ballroom resgata legado de acolhimento e visibilidade

O fenômeno cultural que nasceu nas ruas de Nova Iorque, conhecido como ballroom, tem buscado seu espaço cada vez mais fora das grandes metrópoles, alcançando cidades do interior de São Paulo. Nesse contexto, o evento “Ballroom Sorocaba – Aberto Para Todes” revelou-se crucial para fortalecer os laços de acolhimento e empoderamento da comunidade LGBTQIA+. A cultura ballroom não se resuma apenas à dança — é um espaço de aprendizado, apoio emocional e discussão de temas importantes para as comunidades marginalizadas.

A essência do ballroom e sua origem

A subcultura ballroom emergiu na década de 1980, em um contexto de marginalização social e epidemia de HIV, e tem como principal objetivo oferecer proteção e carinho para aqueles que não encontram esses elementos em suas casas. Jeff Cabal, idealizador do evento em Sorocaba, lembra que as primeiras houses surgiram como lares, acolhendo principalmente pessoas trans e travestis que foram afastadas de seus lares.

“As casas representam um lar seguro, onde as pessoas podem expressar sua identidade e compartilhar experiências e ensinamentos que muitas vezes não encontram em seus lares,” explica Jeff. Ao longo dos anos, o ballroom cresceu e se diversificou, e se tornou uma plataforma de visibilidade, especialmente para as vozes mais vulneráveis da sociedade.

O impacto do ballroom em Sorocaba

O evento “Ballroom Sorocaba” destacou a importância do acolhimento e da conscientização sobre questões sociais como saúde, gênero e raça. Durante o evento, foram realizadas oficinas, rodas de conversa e uma grande competição de dança. Essa proposta integrada mostra como a cultura ballroom transcende a dança e fomenta discussões relevantes que afetam a vida das pessoas LGBTQIA+.

Jeff Cabal destaca que, para muitos, o ballroom é uma rede de apoio que proporciona educação em saúde, prevenindo ISTs de maneira acolhedora e sem preconceito. “Aqui, discutimos temas como profissionalização e mercado de trabalho, criando um espaço de apoio para quem mais precisa”, afirma.

Caminhos para a construção de uma comunidade forte

As houses, que funcionam como famílias, são fundamentais para a sustentação dessa cultura. O evento contou com a participação de diversas houses, como a House of Cabal e a House of De Lá. Malika Saion, participante da House of De Lá, compartilha: “Nela, encontramos não apenas um espaço para competir, mas um verdadeiro sentido de pertencimento e amizade.”

Muitas dessas competições são uma forma de celebrar a beleza, a arte e resgatar a autoconfiança em um ambiente onde a sociedade muitas vezes critica ou marginaliza. “O ballroom ressignifica nossas existências e nos permite ser quem realmente somos, longe do julgamento,” afirma Malika, que já conquistou cinco troféus.

Desafios enfrentados pela comunidade ballroom

Apesar do crescente reconhecimento do ballroom, o conservadorismo da região de Sorocaba apresenta desafios. Jeff observa que muitas pessoas ainda se mostram apolíticas e desinteressadas nas movimentações que afetam diretamente suas vidas. “Ainda há um estigma em discutir temas políticos e sociais, o que impede uma maior colaboração e expansão da comunidade,” explica.

Caberá aos integrantes do ballroom encorajar o diálogo e buscar parcerias que fortaleçam a comunidade. O evento em Sorocaba se mostrou um importante passo nessa direção, permitindo que mais pessoas conheçam e entendam o significado do ballroom.

A arte do vogue e suas diversas vertentes

Ao longo do evento, diversas categorias de dança foram apresentadas, como o “Old Way” e o “New Way”, além de competições que valorizam a beleza e o estilo pessoal dos participantes. A interação com o público também foi incentivada, pois todos têm um papel ativo nas apresentações.

Gabrielly Dias, responsável pelo Ballroom Sorocaba, explica que o vogue vai além da dança: “É uma maneira de apresentar moda, estilo e, sobretudo, nossa identidade cultural.” Com categorias acessíveis até mesmo para aqueles que não competem dançando, o ballroom busca incluir cada vez mais pessoas, abrindo espaço para diálogos e discussões culturais.

No final, o que fica é uma sensação de comunidade e acolhimento que perpassa o evento. Longe de apenas competir, os participantes encontram um lar, onde podem celebrar sua essência em um ambiente seguro e empático.

O ballroom e sua cultura, por meio da dança e do acolhimento, se consolidam como um movimento poderoso que desafia o preconceito e busca justiça social, ainda mais necessária em momentos de crise e desamparo.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes