O Brasil pode chegar à Copa do Mundo de 2026 com um feito inédito – e não exatamente glorioso: pela primeira vez desde 1930, não teria um técnico para chamar de seu no torneio. Justo agora que a Copa incha para 48 seleções, o país que nunca ficou de fora de uma edição corre o risco de não ter sequer um representante no banco de reservas. A seleção já tem dono, e ele nasceu em Reggiolo: o italiano Carlo Ancelotti.
Cenário preocupante para a seleções brasileiras no exterior
Manter a tradição de ter um brasileiro à frente de outra seleção nas Copas passou a ser uma esperança distante. Historicamente, treinadores brasileiros comandaram seleções como Portugal, Peru, Marrocos e Paraguai. Otto Glória, que levou Portugal ao terceiro lugar em 1966, foi o pioneiro nesse aspecto. O mais recente foi Carlos Alberto Parreira, que em 2010 esteve à frente da seleção da África do Sul. Desde então, a ausência de brasileiros no comando de seleções tem se intensificado, e já são três Copas sem um técnico brasileiro em ação.
Esperança no comando da Albânia
A esperança atual pode ser simbolizada por Sylvinho, ex-lateral do Corinthians e da seleção brasileira, que assumiu o comando da seleção albaneza em 2023. Sob sua liderança, a Albânia se classificou para a Eurocopa de 2024, onde enfrentará adversários difíceis como Itália e Croácia. Sylvinho demonstrou a capacidade de fazer jogos competitivos e agora sonha em levar a Albânia à Copa do Mundo, brigando pelas repescagens, como no recente triunfo contra a Letônia, por 1 a 0.
Dificuldades na qualificação
O caminho não é fácil. No Grupo K, a Inglaterra é a líder indiscutível, com cinco vitórias em cinco partidas. A disputa pela segunda vaga, que fornece acesso ao mata-mata, se acirra entre Albânia e Sérvia. Sylvinho precisará de um desempenho excepcional na próxima partida contra a Sérvia, marcada para o dia 11, um duelo que pode ser decisivo para as aspirações da Albânia.
Um panorama desolador para técnicos brasileiros
A situação dos treinadores brasileiros no cenário internacional é alarmante. Atualmente, não há nenhum outro técnico brasileiro empregado em seleções nacionais entre as quase 200 filiadas à FIFA, além de Sylvinho. Vinícius Eutrópio, que assumiu a seleção de Brunei em 2024, também encontrou dificuldades, e seu contrato foi encerrado após apenas dois amistosos, onde registrou uma derrota de 11 a 0 para a Rússia.
Reflexões sobre o futebol brasileiro
A ausência de brasileiros nas áreas técnicas em seleções internacionais reflete um momento de estagnação do futebol nacional. Enquanto a crise se aprofunda, as expectativas em torno de técnicos brasileiros diminuem. No ciclo da Copa de 2018, o cenário era bem diferente, com treinadores brasileiros espalhados por diversos países como Angola, Timor Leste e Paquistão. Agora, restou apenas um deles, em um claro sinal de déficit de confiança na capacidade dos técnicos do Brasil.
O contraste com o mercado argentino
Atualmente, das 18 seleções já classificadas para a Copa de 2026, metade delas conta com técnicos estrangeiros. Em contrapartida, a Argentina se destaca como a grande exportadora de treinadores, com seis colombianos já atuando no exterior. Essa diferença acentua ainda mais a crise do futebol brasileiro. Se o mercado aqui está em declínio, os argentinos seguem a prosperar, vendendo especialistas no comando das seleções de forma abundante.
Por fim, o Brasil se vê obigado a confiar na expertise de um italiano e nas promessas de um ex-jogador em solo europeu. Essa situação não é apenas um detalhe a ser observado, mas um sintoma claro de um sistema que precisa de renovação e de novas ideias para resgatar a competitividade que sempre foi característica do futebol brasileiro.