Brasil, 13 de setembro de 2025
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Alteração na lei da Ficha Limpa gera polêmica sobre o futuro de Bolsonaro

Juristas divergem sobre a possibilidade de Jair Bolsonaro encurtar a inelegibilidade após condenação no caso da trama golpista.

Uma recente modificação na Lei da Ficha Limpa trouxe à tona intensos debates entre juristas a respeito da eventual possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro encurtar seu tempo fora das urnas. Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no contexto da trama golpista, Bolsonaro enfrenta uma série de complexidades legais que podem afetar sua futura elegibilidade nas eleições de 2026.

A mudança na Lei da Ficha Limpa

No início de setembro, o Congresso Nacional aprovou um projeto de lei que limita o tempo de inelegibilidade a oito anos após uma condenação. Essa mudança contraria a redação atual da legislação, que estabelece que o prazo de inelegibilidade é contabilizado apenas após o cumprimento da pena. Especialistas ouvidos pelo GLOBO expressaram visões divergentes sobre o impacto dessa nova norma no caso específico de Bolsonaro, levando a questionamentos sobre se a defesa pode ou não argumentar a seu favor.

Visões divididas entre juristas

Por um lado, há aqueles que sustentam que a condenação de Bolsonaro por organização criminosa impede qualquer redução em seu período de inelegibilidade. Por outro, alguns especialistas acreditam que a nova interpretação da Lei da Ficha Limpa pode ser utilizada pela defesa de Bolsonaro como um argumento para pleitear uma revisão em sua situação. A discussão gira em torno da questão se os crimes de organização criminosa se encaixam nas novas disposições da legislação, que não menciona especificamente as condenações por crimes contra a democracia.

Conseqüências da condenação

Se a nova lei for aplicada, com a contagem do prazo de inelegibilidade limitada a oito anos, Bolsonaro poderia teoricamente voltar a concorrer a cargos eletivos em 2033. Contudo, outro aspecto crucial a ser considerado é a alteração feita no Senado, que excluiu condutas como abuso de autoridade e crimes praticados por organização criminosa da nova contagem, retornando à regra anterior, que estabelece que a inelegibilidade se estende até 2060. Essa incongruência legal pode criar uma série de complicações para o ex-presidente.

O posicionamento do STF

Recentemente, a Primeira Turma do STF deliberou que todos os crimes relacionados ao caso de Bolsonaro, incluindo a tentativa de golpe, foram cometidos por uma única organização criminosa. Isso foi reiterado pelo advogado eleitoral e criminalista Michel Saliba, que lembrou que a interpretação do STF poderá influenciar diretamente as estratégias legais da defesa ao longo do processo.

Perspectivas futuras para Bolsonaro

Com a intenção de se candidatar nas eleições de 2026, a situação legal de Bolsonaro se torna ainda mais crítica. Atualmente, ele já se encontra inelegível até 2030 devido a uma condenação anterior do TSE por abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação relacionada a uma reunião com embaixadores. A defesa já recorreu ao STF, e o futuro político do ex-presidente depende consideravelmente da análise do caso pelo relator, ministro Luiz Fux.

Questões práticas a serem resolvidas

De acordo com a advogada Beatriz Alaia Colin, o cálculo da inelegibilidade precisa ser feito pela Justiça Eleitoral no momento em que um pedido de registro de candidatura for feito por Bolsonaro. Isso significa que a aplicação efetiva da nova lei pode depender da interpretação que o TSE dará ao caso, um fator que traz incertezas adicionais para o ex-presidente e seus apoiadores.

Implicações para os militares envolvidos

Além de Bolsonaro, outros réus, incluindo militares envolvidos na trama golpista, também enfrentam incertezas em relação a suas patentes no Exército. A eventual perda da patente depende da análise do Superior Tribunal Militar (STM), que é responsável por instaurar procedimentos para oficiais condenados a penas superiores a dois anos. Isso indica que, mesmo em casos com penas menores, o impacto na carreira militar pode ser significativo.

Com a nova Lei da Ficha Limpa em vigor e a deliberação do STF sobre a condenação de Bolsonaro ainda em andamento, a paisagem política brasileira se torna cada vez mais complexa. Conforme a situação evoluísse, será crucial observar como a nova regulamentação será aplicada na prática e quais serão as repercussões para o ex-presidente e seus associados nas próximas eleições.

Considerações finais

À medida que a política brasileira avança, as mudanças na legislação, as decisões judiciais e as estratégias de defesa dos réus continuarão a moldar o cenário eleitoral. A defesa de Jair Bolsonaro enfrentará o desafio de navegar por um labirinto jurídico e político, que poderá determinar não apenas sua futura elegibilidade, mas também seu lugar na história do Brasil.

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