Nos últimos anos, a discussão sobre como os aspectos estéticos de atores – maquiagem, estilo e até intervenções cosméticas – podem parecer fora de lugar em filmes históricos ganhou força. Muitas produções exibem detalhes que, embora intencionais, acabam destoando do período e tirando o espectador da imersão na narrativa.
O impacto da aparência moderna em cenários de época
Um fenômeno conhecido como “iPhone face” refere-se à impressão de que alguns atores parecem demasiado modernos devido ao visual, maquiagem ou procedimentos cosméticos. Essa questão foi levantada recentemente na expectativa pelo filme de “Wuthering Heights” com Margot Robbie e Jacob Elordi, moradores de um período do século 18, mas considerados excessivamente glamurosos para o cenário histórico.
Exemplos notáveis na televisão e no cinema
Na série “Bridgerton”, embora a ambientação seja deliberadamente fantasiosa, o estilo de maquiagem de Nicola Coughlan (Penelope) e Claudia Jessie (Eloise) muitas vezes gera discussões entre os fãs quanto à autenticidade do visual. Além disso, a personagem Sophie Baek interpretada por Yerin Ha, foi flagrada com marcas de bronzeado visíveis — um detalhe improvável em um período onde comummente os personagens usariam roupas que esconderiam o corpo.
Outros exemplos incluem Dakota Johnson com seu penteado “swoopy fringe” na adaptação de “Persuasion” (2022), uma história de Jane Austen ambientada em 1817, ou Emma Watson, com um penteado moderno de side bangs em “Little Women” (2019), ambientado na década de 1860. Esses detalhes, embora subjetivos, frequentemente tiram o público da imersão histórica.
Cosmético moderno no cenário clássico
Casos como o de Michelle Randolph, com uma pegada glam de fotos de Instagram em “1923”, ou Jessica Biel, de “The Illusionist”, ambientado no início do século 20, reforçam a percepção de uma narrativa deslocada. Muitos espectadores também apontaram o sorriso impecável de Jodie Comer em “The Last Duel”, quadro que retrata a França medieval, e a aparente perfeição dental de Sam Claflin em “Daisy Jones & The Six”, ambientada na década de 1970.
Intervenções que chamam atenção
Já na produção “Game of Thrones”, personagens como Emilia Clarke e Natalie Dormer exibiram maquiagem pesada, cílios alongados e contorno marcante, aspectos considerados incompatíveis com a estética medieval ou medieval-fantasia. Essas escolhas estéticas não só geraram debates como também levantaram a questão da autenticidade na construção de personagens históricos.
Outros exemplos e detalhes polêmicos
Além do visual, alguns atores também são alvo de especulações por procedimentos cosméticos. Floquinhos de dentes de Sam Claflin, por exemplo, aparecem comparados em antes e depois na internet, sugerindo possível alteração estética, embora nada tenha sido oficialmente confirmado.
Esse fenômeno expõe uma questão maior sobre até que ponto a estética moderna interfere na fidelidade da caracterização histórica. Muitos especialistas defendem que detalhes como maquiagem, penteados e até intervenções estéticas devem ser cuidadosamente pensados para manter a imersão na narrativa de época.
Por que a estética importa?
Embora existam produções que optam por uma licença artística flagrante, a linha entre criatividade e distração pode ser tênue. “A estética acaba se tornando um elemento que tira o público do período, tirando a verossimilhança da história”, afirma a historiadora e consultora de figurinos Ana Paula Costa. Portanto, o desafio é equilibrar inovação visual com autenticidade histórica.
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