Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, de 60 anos, foi preso na manhã desta sexta-feira (12) pela Polícia Federal (PF). A prisão ocorre após a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) aprovar a quebra dos sigilos bancário, telemático e fiscal do acusado, que está sendo investigado por resorts a descontos indevidos no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Esquema de fraudes por trás do “Careca do INSS”
Antunes é apontado como um dos principais operadores de um esquema de desvios de descontos associados, que, segundo as investigações, podem ter causado prejuízos significativos a aposentados. Conhecido em Brasília, ele mantém uma fachada de lobista discreto, tendo uma frota de veículos de luxo, como Porsche e BMW, e sendo proprietário de mais de uma dezena de empresas registradas em seu nome.
Além disso, a CPMI solicitou ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) a realização de um Relatório de Inteligência Financeira, com o objetivo de investigar ainda mais as movimentações financeiras de Antunes. A documentação levantada inclui um conjunto de procurações que permitem ao lobista atuar em nome de várias entidades que cobram mensalidades associativas de aposentados, grande parte delas, questionadas judicialmente por serem consideradas irregulares.
Relação com a indústria farmacêutica e consultorias
Antunes apresentava-se como “representante” da indústria farmacêutica nos mercados de “saúde complementar e público”, alegando ter liderado um laboratório que fornecia medicamentos ao Ministério da Saúde. Em sua atuação, ele presta serviços relacionados a consultorias e redes sociais, e possui 15 empresas, incluindo construtoras e incorporadoras, além de vínculos com parentes em algumas delas. É por meio desses laços que ele tenta consolidar acordos de compromissos técnicos com o INSS.
O crescimento da Ambec e o papel do “Careca do INSS”
Uma das associações pelas quais Antunes atua, a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), teve um crescimento expressivo, aumentando o número de associados de três para mais de 600 mil em apenas dois anos. Seu faturamento, no mesmo período, saltou de R$ 1,8 milhão para R$ 30 milhões mensais. Essa ascensão meteórica levanta bandeiras vermelhas e gera questionamentos sobre a legalidade dos acordos realizados com o INSS.
Por meio de depoimentos de pessoas ligadas à Ambec, foi possível identificar que Antunes se gaba de sua influência em negociar acordos com diretores do órgão e até mesmo com representantes do Ministério da Previdência Social, o que levanta suspeitas quanto a possíveis privilégios e acesso a informações privilegiadas de aposentados.
Acusações e investigações em andamento
A Ambec nega todas as acusações e afirma que está sendo alvo de ameaças por parte do ex-gestor que rompeu relações com a entidade. No entanto, as investigações continuam, com órgãos de controle buscando elucidar o uso indevido de dados sensíveis de aposentados para a realização de filiações sem consentimento.
Patrimônio e estilo de vida do “Careca do INSS”
Discreto e com uma presença notória nas redes sociais, Antunes recentemente adquiriu um imóvel de luxo em Brasília por R$ 3,3 milhões, além de uma coleção impressionante de carros, incluindo três Porsches novos. Apesar de sua ostentação, ele nunca foi servidor do INSS, mas na indústria é reconhecido como o “Careca do INSS”.
Curiosamente, o lobista já prestou depoimento à Polícia Federal, mas não na condição de investigado. Isso ocorreu em um caso distinto, envolvido na Operação Gaveteiro, que apurou desvios no Ministério do Trabalho durante o governo de Michel Temer.
Ao ser contatado pela reportagem, Antunes se recusou a prestar esclarecimentos sobre sua atuação e os contratos com as entidades, alegando não ter “nada a declarar”. Sua resposta curta, de apenas 42 segundos, levantou ainda mais suspeitas sobre suas iniciativas.
A prisão de Antonio Carlos Camilo Antunes lança luz sobre um sistema complexo de fraudes e desvios que afeta a vida de muitos aposentados no Brasil. As investigações ainda estão em andamento, e a população aguarda ansiosamente por mais esclarecimentos sobre este caso polêmico que destaca as fragilidades no sistema previdenciário brasileiro.
