Brasil, 12 de setembro de 2025
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Penas do STF para golpistas tornam-se tema controverso

Ministros do STF divergem nas penas para golpistas, revelando tensões entre critério jurídico e interpretações pessoais.

Na última quinta-feira, um marco significativo ocorreu no Supremo Tribunal Federal (STF) com a condenação de réus envolvidos em uma trama golpista. Embora os ministros da Primeira Turma tivessem inicialmente proposto diferentes penalidades para os acusados, houve uma convergência nas decisões finais. Entre eles, destaque para o ministro Flávio Dino, que alterou sua proposta de pena inicialmente mais severa para o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Walter Braga Netto, alinhando-se ao parecer do relator, Alexandre de Moraes.

Propostas de penas e debatedores

O caso começou a ganhar contornos de debate intenso dentro do tribunal, quando Flávio Dino inicialmente sugeriu uma pena de 31 anos para Bolsonaro, levando em consideração a “personalidade negativa” do ex-presidente. Contudo, após considerações sobre o entendimento do colegiado, Dino decidiu rever sua proposta e seguir a recomendação do relator, Moraes, que havia sugerido 27 anos e três meses de reclusão.

“A personalidade do agente teve um peso significativo, demonstrada por condenações judiciais e outras circunstâncias”, afirmou o ministro. Ele acrescentou que sua decisão de acompanhar o relator buscava fortalecer a coesão do grupo no tribunal, que em momentos críticos, como este, evidencia a importância da unanimidade nas deliberações.

Ajustes nas penalidades

Enquanto Dino buscou penas mais brandas para alguns réus, como o ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira e o deputado federal Alexandre Ramagem, outros membros da corte também apresentaram ajustes. Cármen Lúcia, por exemplo, propôs uma redução de três meses na pena inicialmente sugerida por Moraes, enquanto Cristiano Zanin ajustou sua avaliação para que se aproximasse da decisão conjunta.

Luiz Fux, por sua vez, ficou em silêncio sobre a pena, defendendo a absolvição de Bolsonaro, o que por si só gerou um debate paralelo sobre a separação de poderes e a função do Judiciário em questões políticas.

Valor das multas e suas implicações

Uma das decisões que surpreendeu foi em relação à multa imposta a Bolsonaro, que inicialmente seria de um salário mínimo. Dino, considerando a “capacidade econômica significativa” do ex-presidente, conseguiu convencer Moraes a aumentar a multa para o valor de dois salários mínimos, resultando em aproximadamente R$ 370 mil.

“Me parece que ele (Bolsonaro) tem revelado, nesse período, uma capacidade econômica muito significativa, segundo dados públicos”, argumentou Dino, em um momento em que as questões financeiras se entrelaçam com as responsabilidade políticas.

Penalidades definidas para outros réus

No tocante ao ex-ministro Braga Netto, Moraes inicialmente havia sugerido uma pena de 26 anos e seis meses, mas Zanin interveio, propondo 26 anos, a qual foi acatada. Dino, mesmo considerando aumentar essa pena, optou por acatar a maioria.

“Valorei com muito destaque quanto ao envolvimento na trama conducente ao assassinato de um ministro do Supremo Tribunal Federal, dado o ineditismo disso na vida brasileira. Nem a ditadura militar ousou tanto”, declarou o ministro, ressaltando a gravidade das ações dos réus.

Sobre o ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira, a discussão girou em torno da sua participação menor na trama, levando Dino a sugerir uma redução na pena inicial de 20 anos para 19 anos, uma decisão que foi corroborada por Moraes.

Finalmente, Cármen Lúcia também apresentou uma proposta de redução para Alexandre Ramagem, argumentando que uma pena de 16 anos, um mês e 15 dias seria mais proporcional, levando em consideração a menor participação do deputado na trama golpista.

Reflexão e conclusão

As deliberações dos ministros do STF revelam uma dinâmica complexa e muitas vezes contraditória em um momento crítico da política brasileira. O que se viu foi um esforço para equilibrar justiça e colegialidade, com cada ministro buscando deixar sua marca ao mesmo tempo em que busca alinhamento com os demais. Essa polarização nas penas reflete a diversidade de opiniões não apenas no tribunal, mas na sociedade brasileira como um todo, que continua a lidar com as consequências de ações que desafiam as normas democráticas.

As decisões e os debates no STF não são apenas questões jurídicas; eles ecoam nas ruas, nas casas e nos corações dos cidadãos, provocando reflexões sobre a justiça interpessoal e as repercussões políticas que desafiam a nação. A expectativa é que esses desdobramentos sirvam de alerta e reflexão sobre os limites e responsabilidades do poder.

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