A Orquestra de Violões de Teresina, um símbolo da cultura local, está enfrentando uma crise financeira que deixou os seus 24 músicos sem salários há um ano. A denúncia, feita pela Associação de Amigos da Orquestra de Violões de Teresina (AAOVT), foi validada pelo Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI), que identificou a suspensão dos repasses pela Secretaria Municipal de Educação (Semec) sem qualquer justificativa. Este episódio ressalta não apenas a importância da orquestra para a cultura da capital piauiense, mas também a necessidade urgente de uma solução.
A denúncia e a resposta da Semec
A AAOVT relatou que a Semec não apenas suspendeu os repasses, como também se mostrou indiferente às tentativas de diálogo. Em nota, a secretaria alega que identificou irregularidades na prestação de contas da orquestra. O secretário Ismael Silva, segundo um dos músicos, não quis discutir soluções e não compareceu a nenhuma audiência no TCE-PI.
Essa falta de comunicação gerou um sentimento de desânimo entre os músicos. Um deles, que preferiu manter sua identidade em sigilo, expressou sua frustração: “Infelizmente, não temos perspectivas de futuro, mesmo o projeto tornando-se um patrimônio material e imaterial.” O músico ainda recorreu a outros meios de sustento, como shows e aulas particulares, evidenciando a precariedade da situação atual.
Determinações do Tribunal de Contas
O TCE-PI concluiu que a suspensão dos repasses contrariou princípios legais, como o direito ao contraditório e à ampla defesa. O tribunal determinou que o secretário Ismael Silva reavalie a prestação de contas no prazo de 30 dias. Caso isso não ocorra, o secretário pode enfrentar multas que alcançam até 15 mil Unidades Fiscais de Referência do Piauí (UFR/PI).
A decisão do TCE-PI marca um momento crucial na luta da orquestra pelos seus direitos. A comunidade artística local e a população em geral observam atentamente essa questão, reconhecendo a contribuição cultural que a Orquestra de Violões tem para Teresina.
O legado da Orquestra de Violões
Fundada em 2007 pela Fundação Cultural Monsenhor Chaves, a Orquestra de Violões de Teresina já formou milhares de músicos e se tornou um verdadeiro patrimônio cultural da cidade. Ao longo dos anos, o grupo se apresentou em diversos eventos, promovendo não apenas a música, mas também a educação e a formação artística de muitos jovens.
A aprovação da lei que declara a Orquestra como patrimônio cultural e imaterial de Teresina na Câmara Municipal é uma luz no fim do túnel, mas, como ressalta a AAOVT, muitos desafios ainda precisam ser superados. “Se não houver interesse legítimo em manter o projeto, que ao menos sejam pagos os salários atrasados e responsabilizados os gestores que protagonizaram tamanha desinteligência administrativa”, pediu o grupo em um comunicado.
A busca por diálogo
Apesar das adversidades e do descompasso na comunicação com a Semec, a AAOVT se mostra aberta ao diálogo. “Diálogo pressupõe interlocução — e, até aqui, temos falado sozinhos.” A frase enfatiza a necessidade de um entendimento claro e respeitoso entre a orquestra e as autoridades públicas, que deveriam zelar pela cultura e pelos direitos dos seus artistas.
A situação da Orquestra de Violões de Teresina é um reflexo das dificuldades enfrentadas por muitas instituições culturais no Brasil. A falta de financiamento e a burocracia podem paralisar o brilho de talentos que, por meio da arte, enriquecem a vida comunitária e promovem o desenvolvimento social.
Os próximos passos do caso ainda são incertos. No entanto, a expectativa é que o TCE-PI e a Semec encontrem uma solução justa e eficiente para permitir que a Orquestra de Violões continue a sua valiosa contribuição para a arte e a cultura de Teresina. Enquanto isso, músicos e apoiadores permanecem na luta, na esperança de que a música continue a ressoar em suas vidas e na cidade que amam.
Para mais informações, você pode acessar a nota da Semec na íntegra e acompanhar as atualizações sobre essa situação.