Brasil, 12 de setembro de 2025
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O futuro do cinema: inteligência artificial versus criatividade humana

Diretores discutem o impacto da inteligência artificial na produção cinematográfica durante o Festival de Cinema de Toronto.

Recentemente, o Festival Internacional de Cinema de Toronto se tornou palco de um intenso debate sobre o futuro da indústria cinematográfica em meio ao avanço da inteligência artificial (IA). Diversos cineastas expressaram suas preocupações sobre a crescente presença da tecnologia no setor, destacando a importância da criatividade humana frente às inovações digitais.

A posição dos cineastas sobre a IA

Um dos destaques do festival foi o diretor iraquiano Hasan Hadi, que compartilhou sua experiência em dirigir crianças não-atores e uma galinha em seu novo filme, The President’s Cake. Durante uma conversa descontraída com jornalistas, ele refletiu sobre o essencial papel que a humanidade desempenha no cinema, uma ideia que percorreu todo o evento, superando as discussões sobre o uso da IA.

Durante as apresentações, diretores como Richard Linklater e Ethan Hawke enfatizaram o valor do processo criativo. Linklater mencionou as complexidades das ensaios para seu filme sobre Lorenz Hart, mostrando que mesmo com a ajuda de tecnologia, o cinema requer uma profunda conexão humana. Por outro lado, Nia DaCosta discutiu sua reinterpretação de Hedda Gabler, reforçando o papel dos sentimentos e emoções na criação artística.

Guillermo del Toro e a luta pela arte

Guillermo del Toro, conhecido por seu trabalho em Pinocchio, fez declarações contundentes contra a ideia de que a arte poderia ser feita por algoritmos ou aplicativos. Em uma cerimônia onde recebeu um prêmio, ele afirmou: “[Vivemos em] um mundo que agora quer nos dizer em alto e bom som que a arte não é importante.” Del Toro manifestou sua resistência à desvalorização da arte em face do avanço tecnológico, um sentimento que ressoou entre diferentes cineastas durante o festival.

A ascensão de tecnologias de IA

Enquanto cineastas humanistas se destacavam no festival, diversas startups tecnológicas também estavam presentes, oferecendo suas visões para o futuro da produção cinematográfica. Empresas como Largo e Gennie apresentaram soluções que utilizam IA para otimizar o processo de criação de filmes. Largo, por exemplo, propõe modelos que testam filmes com audiências virtuais, enquanto a Gennie facilita a gravação de cenas com reencenações automatizadas.

As discussões sobre IA não se limitaram aos criadores de conteúdo; indústrias também começaram a se posicionar legalmente. Warner Bros. entrou com uma ação contra a startup Midjourney, e outras grandes empresas como Disney e Universal fizeram o mesmo, levantando questões sobre os direitos autorais e a ética no uso de IA.

Ativismo e resistência contra a IA

O debate tomou uma dimensão ainda mais profunda com ativistas que, como parte de sua luta, começaram greves de fome em frente aos escritórios da Anthropic e do Google DeepMind. Guido Reichstadter e Michael Trazzi protestaram contra o desenvolvimento não-regulado de novos modelos de IA, enfatizando a necessidade de preservação da criatividade humana.

Enquanto isso, a startup Showrunner atraiu atenção ao anunciar um experimento envolvendo IA para restaurar 43 minutos de uma obra perdida de Orson Welles. A reação da família de Welles foi negativa, chamando o projeto de “um exercício puramente mecânico”, revelando uma crescente preocupação com a aplicação da IA em obras clássicas.

As implicações da IA no cinema

A introdução da IA na indústria cinematográfica não é só uma questão de técnica, mas acarreta uma discussão cultural significativa. A percepção de que a tecnologia pode substituir o trabalho humano levanta questões sobre o valor do trabalho criativo e o impacto sobre profissionais da arte. A IA está se tornando uma ferramenta que poderá automatizar processos que anteriormente eram feitos manualmente, alterando a dinâmica de produção e a cultura do trabalho no cinema.

Em um depoimento, Kirk Wallace Johnson, autor e demandante em um dos processos contra a IA, descreveu essa luta como “o início de uma batalha em favor dos humanos”. Johnson, que é conhecido por seu livro The Feather Thief, destacou a determinação de sua geração em não permitir que a IA desloque a essência da criatividade humana.

À medida que o cerco se fecha e as empresas de tecnologia continuam a evoluir, a indústria do cinema enfrenta um dilema: integrar a tecnologia de maneira que complemente a arte, sem sacrificar o que torna o cinema uma forma de expressão única.

Este debate não é apenas uma luta pela sobrevivência no mundo do entretenimento, mas uma questão sobre a própria definição de arte e a natureza da criatividade humana à medida que navegamos por um caminho repleto de incertezas e oportunidades. O futuro do cinema está em jogo, e a luta entre a IA e a criatividade humana está apenas começando.

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