O trágico episódio envolvendo a morte de Helen Cristina Vitai, ocorrida após um show no Centro Cultural Tendal da Lapa, em São Paulo, reacende discussões sobre a violência e o uso de substâncias ilícitas. Segundo um laudo pericial do Instituto Médico Legal (IML), ao qual o g1 teve acesso, Helen, de 43 anos, faleceu de um infarto agudo do miocárdio possivelmente causado pelo uso de cocaína. O caso, que inicialmente era investigado como homicídio, agora pode ser considerado uma morte acidental, conforme as investigações avancem.
O incidente trágico
No dia 3 de agosto, Helen foi agredida por Graciella Verenich e Katyuscha de Santana Fon após um show que celebrava os 200 anos do punk. Câmeras de segurança registraram a cena chocante: Graciella, de 44 anos, desferiu pelo menos 29 socos em Helen, enquanto seu namorado, André Santos Costa Amorim, tentou impedir que outros se intervissem na briga. Katyuscha, conhecida como “Katy Son”, foi vista chutando a cabeça de Helen quando ela já estava caída no chão. Essa sequência de atos de violência ocorreu após Helen ter criticado uma foto de Katyuscha em um post no Facebook, o que parece ter sido o estopim da agressão.
A análise do laudo pericial
O laudo pericial concluiu que o infarto de Helen estava relacionado ao uso de cocaína, e que ela também havia consumido álcool, mas esse último fator não foi considerado um agravante para sua morte. Apesar de lesões corporais serem evidentes, os legistas não conseguiram estabelecer uma relação direta entre as agressões e o falecimento imediato. As evidências mostradas no laudo podem levar à conclusão de que a morte de Helen foi acidental.
A possibilidade de arquivamento do inquérito se torna mais concreta à medida que as investigações progridem. Nesse contexto, os crimes de lesão corporal contra Helen talvez possam ser apurados separadamente.
Contexto familiar e reações
A família de Helen manifestou estarrecimento em relação ao laudo e revelou a intenção de solicitar um contra-laudo, apontando a necessidade de investigar mais profundamente as circunstâncias que levaram à morte dela. A filha de Helen não estava presente no local do crime, mas a ausência de uma mãe é uma montanha de dor e impotência para a adolescente.
O advogado da família, Daniel Lellis Siqueira, reclamou da superficialidade do laudo em abordar a asfixia, que é evidenciada nas gravações do incidente. Ele aponta que os hematomas eram claros indícios das agressões que culminaram na morte de Helen.
Desdobramentos legais e narrativas contraditórias
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo se manifestou sobre a busca pelos responsáveis. Graciella e André foram presos, enquanto Katyuscha ainda estava foragida. As defesas dos acusados argumentam que o resultado do laudo demonstra que a morte não foi resultado das agressões, mas sim de um possível overdose, o que serve, na visão deles, para descaracterizar o homicídio em favor de uma morte acidental. O caso levanta uma discussão angustiante sobre a relação entre dependência química, violência e responsabilidade na sociedade.
As investigações continuam, mas o caso de Helen Vitai nos obriga a refletir não apenas sobre as implicações da violência, mas também sobre as questões interligadas de saúde mental e dependência química que afetam muitos cidadãos brasileiros. Ao mesmo tempo, evidenciam a fragilidade de vidas que, frequentemente, são vulneráveis a uma série de fatores sociais e comportamentais que, como um dominó, podem levar a tragédias irreparáveis.
Helen Vitai era uma mulher que, como tantas outras, lidava com suas lutas pessoais. Sua história, agora marcada pelo luto e pela busca por justiça, ecoa a necessidade urgente de cuidar de nossa saúde mental e das interações sociais que, em um momento de tensão, podem resultar em consequências devastadoras.
Os desdobramentos deste caso continuam a ser acompanhados de perto pela opinião pública, enquanto se busca um caminho que promova não apenas justiça, mas também compreensão e cura em meio ao sofrimento.