A inadimplência entre empresas no Brasil atingiu um recorde em julho, com 8 milhões de CNPJs inscritos na lista de devedores. Este número representa um aumento de 200 mil empresas em relação a junho e uma alta de 1,1 milhão na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Serasa Experian. O cenário é agravado pelos juros elevados, que dificultam a renegociação de dívidas e pressionam o ambiente de negócios.
Números e fatores que explicam o aumento da inadimplência
O indicador de inadimplência considera empresas com pelo menos uma dívida vencida e não paga até o último dia de cada mês. No mês passado, o tíquete médio das dívidas subiu para R$ 3.302,30, enquanto o total de débitos atrasados somou R$ 193,4 bilhões. A quantidade de dívidas por empresa também aumentou, com uma média de 7,3 dívidas por empreendimento.
A economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, destaca que as altas taxas de juros têm sido o principal fator dessa situação. “As empresas têm contraído mais dívidas com custos elevados, e a restrição na concessão de crédito torna a renegociação mais difícil”, afirmou. Segundo ela, o segundo semestre pode ser ainda mais crítico, com uma desaceleração na atividade econômica que pressiona os ganhos e as margens de lucro principalmente das pequenas e médias empresas.
Impacto na pequena e média indústria
O grupo das pequenas e médias empresas foi o mais afetado pela inadimplência, respondendo por 7,6 milhões de CNPJs com dívidas. Essas empresas concentram 54 milhões de dívidas atrasadas, totalizando R$ 174,1 bilhões — uma fatia expressiva do valor total de dívidas atrasadas no país.
De acordo com o setor, a maior concentração de inadimplentes continua sendo no setor de Serviços, que representa 54,1% do total, seguido pelo Comércio (33,7%) e Indústria (8%). As dívidas mais contraídas estão ligadas a bancos e cartões de crédito, representando 19,8% do total.
Regionalização e setores mais afetados
Geograficamente, os estados do Sudeste concentram o maior número de empresas inadimplentes, totalizando 4,1 milhões, enquanto a região Sul registra 1,2 milhão de empresas nesta situação. O aumento da inadimplência reforça a necessidade de ações de fortalecimento da gestão financeira por parte das empresas, especialmente em um cenário de desaceleração econômica.
Especialistas apontam que a combinação de juros altos, restrição de crédito e a própria crise econômica podem ampliar ainda mais o número de empresas inadimplentes nos próximos meses, afetando o ritmo de recuperação econômica no país.
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