Na abertura do seminário internacional “Criação, natureza, ambiente, por um mundo de paz”, que acontece na Casina Pio IV, no Vaticano, o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, enfatizou a importância de ler os sinais dos tempos em prol da pacificação e do diálogo social. “É preciso saber interagir com respeito mútuo e consciência responsável”, ressaltou o cardeal.
A urgência do contexto atual
Em seu discurso, Parolin abordou o contexto histórico atual, caracterizado por conflitos, egoísmo e indiferença. “Infelizmente, essa realidade nos impede de ouvir o outro e aproveitar as grandes oportunidades que surgem quando colaboramos de maneira respeitosa e consciente”, apontou. Ele citou a encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, que destaca a interconexão de todas as coisas. “Tudo está interligado”, afirmou Parolin, chamando a atenção para a necessidade de um novo enfoque na defesa da casa comum e a reabertura do diálogo entre diferentes culturas e religiões.
Relações interligadas entre criação, natureza e ambiente
O cardeal destacou os três temas que formam o título do seminário, relacionando-os ao amor do Criador por cada ser humano, que confere dignidade infinita a todos. Ele lembrou que os relatos da criação contidos no livro do Gênesis apontam para três relações fundamentais: a relação com Deus, com o próximo e com a Terra. “Essas relações, segundo a Bíblia, estão rompidas não apenas entre nós, mas dentro de nós mesmos”, observou. Esse rompimento, segundo Parolin, é o que se conhece como pecado. “A harmonia entre o Criador, a humanidade e toda a criação foi destruída quando tentamos assumir o papel de Deus”, disse.
Um novo olhar para o futuro
O caminho a seguir, segundo Parolin, é desafiador, mas ao mesmo tempo fascinante. “Precisamos de um novo olhar para um mundo novo, que consiga interpretar os desafios e sinais dos tempos em busca da paz”, enfatizou. Nesse sentido, ele mencionou a inteligência artificial e a preservação da criação como desafios prementes que requerem esforços coletivos, pois “ninguém pode enfrentar essas questões sozinho”, ressaltou o cardeal.
Promovendo a cultura do cuidado
Parolin também falou sobre a importância do diálogo e da colaboração, não apenas entre estados, mas também entre setores não estatais. Ele destacou que esse diálogo deve se basear no mandato bíblico de cultivar e cuidar da Terra, superando tensões e conflitos geopolíticos. “Precisamos passar de uma cultura de descarte para uma cultura de cuidado, refletindo nossa conversão ecológica e integral, tanto pessoal quanto comunitária”, defendeu o cardeal.
Trabalho e dignidade humana
O tema do trabalho, como pilar da dignidade e identidade da pessoa, foi outro ponto abordado no seminário. Os participantes discutiram ainda o papel da inteligência artificial como uma ferramenta que pode impulsionar uma evolução harmônica da sociedade. No dia seguinte, as atividades do seminário serão retomadas com uma palestra do cardeal Louis Antonio Tagle, pro-prefeito do Dicastério para a Evangelização, e uma celebração eucarística na Basílica do Vaticano, presidida por dom Antonio Staglianò, presidente da Pontifícia Academia de Teologia.
Este seminário, ao reunir teólogos, empresários e especialistas de todo o mundo, busca promover um ambiente de reflexão e construção de um futuro mais sustentável e pacífico, enfatizando a necessidade de cooperação global em tempos de crise.
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