Nesta sexta-feira (12), apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniram em uma vigília nos arredores do seu condomínio em Brasília, marcando a segunda noite consecutiva de manifestações. O evento ocorre logo após a condenação do ex-mandatário por golpe de Estado e outros quatro crimes, resultando em uma pena total de 27 anos e três meses de prisão, decidida pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) no dia anterior, durante a Ação Penal 2.668.
O contexto da condenação
A condenação de Bolsonaro, imposta na quinta-feira (11), marca um momento crítico na política brasileira. O ex-presidente cumpre prisão domiciliar desde o dia 4 de agosto, decisão do ministro Alexandre de Moraes, que não está diretamente relacionada à condenação recente, mas sim a uma violação de medidas cautelares em um inquérito separado. Este inquérito, de número 4.995, investiga suspeitas de obstrução da justiça por parte de Bolsonaro, incluindo atos tentativos que visavam constranger autoridades brasileiras por meio de pressão internacional.
Durante as vigílias, os apoiadores de Bolsonaro têm demonstrado seu apoio vestido predominantemente com roupas nas cores verde e amarelo, além de carregarem bandeiras que evocam o patriotismo. Surpreendentemente, na última manifestação havia também bandeiras de Israel e dos Estados Unidos, sinalizando uma perspectiva internacional que alguns dos participantes desejam reafirmar em suas ações. Os manifestantes aproveitam a oportunidade para orar e cantar músicas de louvor em busca de anistia para o ex-presidente, refletindo uma expectativa de que a situação política possa mudar a seu favor.
Apoio em meio à adversidade
A vigília é um gesto claro de resistência dos apoiadores ao que consideram uma injustiça. A realidade da condenação de Bolsonaro traz um sentimento de desespero para muitos de seus seguidores, que se reuniram em prol da anistia e do retorno da figura do ex-presidente ao cenário político. Com uma retórica de luta, os apoiadores expressam sua insatisfação com o que julgam ser uma perseguição política.
Outros condenados no caso
Além de Bolsonaro, outros importantes nomes do chamado núcleo duro da trama golpista também foram condenados na mesma decisão do STF. São sete réus que, assim como o ex-presidente, enfrentam graves acusações. Entre eles estão:
- Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, general e ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Mauro Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, general e ex-ministro da Casa Civil.
As condenações refletem um movimento mais amplo dentro do STF para responsabilizar aqueles que estiveram envolvidos em tentativas de subverter a ordem democrática no Brasil. Para muitos, a vigília representa não apenas um ato de apoio ao ex-presidente, mas também uma manifestação do desejo de parte da sociedade brasileira de contestar as decisões do judiciário e o que consideram uma injustiça.
Enquanto as vigílias continuam, fica evidente que a polarização política persistirá no país, mesmo com as novas ações judiciais em direção à responsabilização de figuras políticas. À medida que a história se desdobrar, o Brasil se encontrará em um dilema em que a justiça e a política parecem cada vez mais entrelaçadas, deixando o futuro indefinido e incerto.