Brasil, 11 de setembro de 2025
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Ouro alcança recorde histórico após décadas e supera pico ajustado pela inflação

O preço do ouro dispara 5% neste mês, superando o pico ajustado pela inflação de 1980, impulsionado por crises econômicas e incertezas globais

O ouro atingiu nesta semana seu recorde histórico, com o preço à vista chegando a US$ 3.674,27 por onça na terça-feira, impulsionado pela crescente ansiedade sobre a trajetória da economia americana e fatores geopolíticos. Com isso, o metal superou seu pico ajustado pela inflação, registrado em janeiro de 1980, quando os preços chegaram a US$ 850 na época, equivalente a cerca de US$ 3.590 ajustados pela inflação atual.

Valorização histórica e fatores de impulso para o ouro

Nos últimos meses, o ouro já havia subido cerca de 40% este ano, apoiado por tensões envolvendo a política nos Estados Unidos, incluindo ataques do ex-presidente Donald Trump ao Federal Reserve e à dívida pública crescente. A valorização recente ocorreu após o metal ter atingido US$ 3.600 por onça na segunda-feira, marcando mais de 30 recordes nominais em 2025.

Analistas e investidores reconhecem o papel do ouro como proteção contra alta de preços e desvalorizações cambiais. Segundo Robert Mullin, gestor de portfólio da Marathon Resource Advisors, “o ouro é um ativo único ao longo de centenas, se não milhares, de anos, desempenhando esse papel de proteção.”

Mercado mais líquido e institucionalmente favorável à valorização

Em comparação com os anos 1970 e 1980, quando o ouro tinha forte papel de proteção contra a inflação, a alta atual ocorre de forma mais controlada, com menor volatilidade, refletindo um mercado mais líquido e acessível. Além disso, o valor do ouro armazenado nos cofres de Londres ultrapassou US$ 1 trilhão, tornando-se o segundo maior ativo nas reservas globais de bancos centrais, por trás do dólar.

Grant Sporre, chefe global de metais da Bloomberg Intelligence, destaca que “o ouro está assustadoramente caro, mas o mercado aceita pagar por ele como uma forma de seguro”. Mesmo assim, há debates sobre sua supervalorização, embora, em relação às ações americanas, o ouro ainda seja considerado um ativo relativamente barato, com potencial de valorização caso a bolsa dos EUA tenha sinais de fraqueza.

Incertezas globais e o papel do ouro como ativo de proteção

As tensões geopolíticas, a crise econômica mundial e a mudança de paradigma de um mundo unipolar para um cenário multipolar aumentaram a percepção do ouro como ativo de diversificação e proteção. Muitos bancos centrais, especialmente diante de sanções internacionais às potências adversárias dos EUA, começaram a comprar ouro para reforçar suas reservas cambiais.

O aumento do preço foi ainda impulsionado pela expectativa de cortes nas taxas de juros do Federal Reserve, após sinais de desaquecimento do mercado de trabalho americano. Essa possibilidade de redução de juros, combinada com a deterioração da confiança na política monetária dos EUA, elevou o apetite pelo metal precioso.

Contexto histórico e o papel do ouro em crises econômicas

Ao retroceder ao pico de 1980, época de forte inflação e recessão, observa-se que o ouro sempre se valoriza em momentos de incerteza global e instabilidade econômica. A inflação na década de 1970, a crise do petróleo e as medidas econômicas de então ajudaram a impulsionar a valorização do metal ouro, que chegou ao seu recorde de US$ 850 na época.

Hoje, essa valorização mais suave, mas contínua, mostra um mercado mais maduro, atraindo uma base diversificada de investidores, incluindo fundos de investimento e bancos centrais de diversos países. Segundo Greg Sharenow, da Pacific Investment Management, “a transição de um mundo unipolar para um multipolar acelerou a busca por ouro como ativo de reserva”.

Perspectivas futuras e desafios do mercado

Com preços que quase dobraram desde o início do conflito na Ucrânia, a valorização do ouro é vista como uma resposta às incertezas globais, às disputas comerciais e às políticas monetárias. Investidores ainda veem o metal como uma proteção contra riscos inflacionários e mudanças no cenário geopolítico mundial.

Embora os preços estejam elevados, especialistas alertam que o mercado continuará atento às decisões do Fed e às condições econômicas internacionais. Caso haja sinais de fraqueza nas bolsas de valores ou uma crise de crédito, a demanda por ouro tende a aumentar ainda mais.

Para mais detalhes, acesse esta reportagem.

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