Kamala Harris revelou nesta semana frustrações com a gestão da equipe de Joe Biden, especialmente na defesa contra ataques infundados durante sua campanha e mandato. Em trechos do seu novo livro, “107 Dias”, ela critica a falta de respaldo e aponta que seus esforços para proteger sua reputação foram muitas vezes ignorados.
Harris denuncia falta de apoio contra ataques injustos
De acordo com Harris, a equipe de Biden raramente apoiava publicamente suas ações ou defendia sua imagem diante de propagandas negativas. Ela destacou ataques da Fox News sobre seu caráter e supostos “trabalhos de diversidade”, que quase nunca receberam resposta adequada do Palácio do Planalto. “Eles tinham um time de comunicação gigante, mas conseguir algo positivo ou uma defesa contra ataques infundados era quase impossível”, afirmou Harris.
A vice-presidente ainda apontou que, muitas vezes, membros da equipe de Biden alimentaram narrativas negativas sobre ela, o que, segundo Harris, era uma tentativa de evitar que ela se sobressaísse ou roubasse atenção do presidente. “Se ela estivesse bem, ele estaria mal. Essa zero-sum thinking prejudicou o país”, criticou Harris, concluindo que sua visibilidade era fundamental para mostrar a capacidade de Biden de liderar, sobretudo considerando sua idade.
Preocupações com a saúde e decisão de Biden de concorrer à reeleição
Recklessness e o risco da reeleição
Harris também abordou a decisão de Biden de buscar um segundo mandato, que ela considerou “recklessness”, ou seja, uma atitude imprudente, dada a alta responsabilidade do cargo. Em trechos do livro, ela admite que talvez devesse ter aconselhado Biden a não concorrer, mas reconhece que, na época, acreditou que a votação anterior poderia se repetir.
“As apostas eram altas demais. Não deveria ser uma decisão baseada em ego ou ambição individual”, refletiu Harris, que acrescentou que a escolha de Biden foi, na sua visão, mais uma decisão do presidente e de Jill Biden do que uma deliberação coletiva.
Preocupações com a capacidade de Biden
A vice-presidente afirmou que Biden não era fisicamente ou mentalmente incapaz de exercer o cargo, mas que sua idade, 81 anos, já provocava quedas e lapsos evidentes, especialmente após debate marcado por tropeços verbais e físicos. “Se eu achasse que ele não pudesse exercer o mandato, teria falado”, garantiu Harris.
Críticas pessoais e o desafio de apoiar Biden
Harris não poupou críticas também às agressões sofridas por seu caráter, muitas vezes minimizadas ou ignoradas pela Casa Branca. Ela falou sobre as acusações falsas, especialmente relacionadas ao seu trabalho de diversidade, e descreveu uma equipe de Biden que, muitas vezes, contribuiu para plantá-las ou não as combateu adequadamente.
“O entendimento deles era que, se eu estivesse brilhando, Biden estaria apagado. Não percebiam que, ao ter sucesso, ambos sairiam ganhando. Minha visibilidade poderia reforçar a confiança do eleitor na liderança de Biden”, afirmou Harris.
Próximos passos e reação
Até o momento, representantes de Biden não se pronunciaram oficialmente sobre as declarações de Harris. O livro, intitulado “107 Dias”, será lançado em 23 de setembro e promete provocar debates sobre o funcionamento interno do governo Biden e a relação com sua vice-presidente.
Enquanto isso, o ambiente político permanece tenso, com Harris elevando o tom ao discutir episódios internos que, até então, eram mantidos sob silêncio pelo Palácio do Planalto.