Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos, revela em seu livro “107 Dias” que considera a decisão de Joe Biden de concorrer à reeleição em 2024 “uma recalcitrância” diante dos riscos, especialmente por causa da idade do presidente. A afirmação ocorre após Biden anunciar sua candidatura em julho de 2024, poucos meses antes das eleições de novembro, mesmo com preocupações crescentes sobre sua aptidão física e mental.
A decisão de Biden e as críticas de Harris
No trecho divulgado pelo Atlantic, Harris admite que talvez devesse ter aconselhado Biden a não disputar novamente, refletindo sobre a responsabilidade de comunicar seus receios. “Acredito que foi uma recalcitrância”, escreveu ela, apontando que a alta temperatura do clima político e os riscos envolvidos não deveriam ter sido deixados ao ego ou à ambição individual.
“A decisão ficou mais do que uma questão pessoal; ela devia envolver considerações mais amplas sobre a segurança e o bem-estar do país”, afirmou Harris, ressaltando que sua intenção nunca foi duvidar da capacidade de Biden, mas ponderar os riscos. Ela destacou, no entanto, que Biden, mesmo com seus transtornos físicos e alguns tropeços verbais, não era incapaz de liderar, defendendo que “ele era mais capaz do que Trump, mesmo em seus piores dias”.
Conflitos internos e desafios na estratégia de comunicação
Golpes na imagem de Harris
A vice-presidente também detalhou dificuldades enfrentadas na relação com a equipe de Biden, incluindo ataques unilaterais da mídia contra ela, como da Fox News, que questionou sua caráter e seu papel no governo. Harris revelou que a comunicação oficial muitas vezes evitava defendê-la contra notícias falsas, e que até integrantes da Casa Branca contribuíam para alimentar narrativas negativas.
“Era um jogo de soma zero — se ela brilhava, Biden ficava às sombras. Nenhum deles percebia que, ao meu sucesso, o próprio Biden também ganhava”, afirmou Harris, destacando que sua visibilidade e desempenho eram essenciais para fortalecer a administração de Biden, especialmente diante da preocupação com sua idade.
Perspectivas futuras e impacto na política americana
Harris reforçou sua lealdade a Biden, mesmo considerando sua decisão “uma imprudência”. “Se eu achasse que ele não tinha condições, teria dito. Mas sua capacidade de julgamento e empatia permanecem superiores a Trump, mesmo com o desgaste físico evidente”, avaliou.
O livro “107 Dias” chega às livrarias em 23 de setembro e promete revelar detalhes inéditos do período eleitoral mais tumultuado da história recente dos Estados Unidos. Até lá, representantes de Biden não comentaram as críticas de Harris, que também deixou claro que, independentemente dos conflitos internos, seu compromisso é com o país.
Para mais informações e trechos exclusivos do livro, acesse The Atlantic.