O Ibovespa voltou a atingir um novo recorde de fechamento nesta quinta-feira, chegando a 143.150 pontos, uma alta de 0,56%. É a terceira vez em 12 dias que o principal índice da B3 supera suas próprias marcas, refletindo o otimismo do mercado com a perspectiva de corte nos juros americanos e sinais de desaceleração da economia brasileira.
Fatores que impulsionam a alta do Ibovespa
Analistas atribuem a fortaleza do índice a três principais fatores: a expectativa de redução na taxa de juros dos Estados Unidos na próxima semana, os indicadores econômicos brasileiros mostrando desaceleração e o bom desempenho das empresas locais.
Desaceleração no mercado americano
Nesta quinta, foi divulgado o índice de inflação ao consumidor (CPI) de agosto nos EUA, que veio em linha com as previsões de analistas. Entretanto, o destaque ficou pelo aumento nas solicitações de auxílio-desemprego, que atingiram 263 mil pedidos — acima da estimativa de 235 mil. Segundo Marco Oviedo, estrategista da XP, esses dados reforçam a possibilidade de o Federal Reserve cortar os juros na reunião de quarta-feira que vem, uma medida vista como positiva para ativos globais de risco.
“Os dados de hoje sobre os pedidos de seguro-desemprego confirmam que o mercado de trabalho americano está enfraquecendo. Isso aumenta a probabilidade de cortes na taxa básica de juros do Fed, o que favorece o mercado de ações”, afirmou Oviedo.
Juros brasileiros também influenciam
Para além da expectativa de queda nas taxas dos EUA, a perspectiva de redução na Selic brasileira também sustenta o otimismo. Segundo Jerson Zanlorenzi, do BTG Pactual, a tendência é de a taxa cair para 12% até o fim do próximo ano, o que reduz o prêmio de risco e melhora o ambiente para a Bolsa.
“O fluxo estrutural para o mercado de ações brasileiro é favorável, com expectativa de queda razoável na taxa de juros, o que deve impulsionar o índice para cerca de 180 mil pontos no próximo ano”, prevê Zanlorenzi. Durante as negociações, o Ibovespa chegou a superar os 144 mil pontos.
Resultados corporativos e volatilidade política
O bom desempenho das empresas no segundo trimestre, aliado aos fortes balanços divulgados recentemente, também contribui para o apetite dos investidores estrangeiros, comenta Gustavo Bertotti, da Fami Capital. Segundo ele, a resiliência corporativa tem sido um fator que sustenta o mercado mesmo diante de juros elevados.
Por outro lado, uma pesquisa do Datafolha divulgada nesta tarde apontou crescimento de quatro pontos percentuais na avaliação do governo Lula, chegando a 33%. Esta informação provocou uma leve perda de sustentação do índice, evidenciando a influência de fatores políticos na volatilidade do mercado.
Perspectivas para o mercado de ações e riscos políticos
Especialistas afirmam que, apesar das oscilações de curto prazo decorrentes de fatores políticos, o cenário de base para a Bolsa permanece positivo. Zanlorenzi destaca que a alta na pontuação do índice deve continuar diante de resultados robustos das empresas e das expectativas de queda nas taxas de juros.
“O mercado está atento às questões políticas, mas os fundamentos continuam apoiando uma tendência de alta. O índice pode alcançar 180 mil pontos no próximo ano, com mais oportunidades do que riscos de recuo”, avalia Zanlorenzi.
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