Brasil, 11 de setembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Exportações brasileiras caem 22,4% com tarifaço americano em agosto

As exportações de produtos afetados pelo tarifaço americano recuaram 22,4% em agosto, enquanto itens não taxados tiveram queda de 7,1%

As exportações de produtos sujeitos ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos tiveram uma queda de 22,4% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2024, segundo o Monitor de Comércio Brasil-EUA, elaborado pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil). Já as vendas de itens que não sofreram taxas adicionais recuaram 7,1%.

Impacto do tarifaço nas exportações brasileiras

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) revelam que as exportações brasileiras para os EUA – que já haviam caído 18,5% em agosto de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior – refletem o efeito das sobretaxas impostas pelos americanos, que provocaram uma redução expressiva na balança comercial do país.

A análise da Amcham indica que as sobretaxas, que variaram até 50% para partes das exportações brasileiras, têm contribuído para a desaceleração também das importações dos Estados Unidos, especialmente de produtos intensamente integrados à indústria brasileira, como carvão mineral, matéria-prima importante para a siderurgia nacional.

Itens não taxados e fatores de mercado

Os produtos que não sofreram a tarifa, incluindo suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis, tiveram queda de 7,1%, segundo a Amcham. A entidade avalia que essa diminuição foi influenciada principalmente por fatores de mercado, como a menor demanda dos EUA por petróleo e derivados.

Segundo parceiro comercial do Brasil

Os Estados Unidos continuam sendo o segundo maior parceiro comercial do Brasil, apenas atrás da China. Nos oito primeiros meses de 2025, o comércio bilateral totalizou US$ 56,6 bilhões, com exportações brasileiras de US$ 26,6 bilhões, representando um aumento de 1,6% na comparação com o mesmo período de 2024.

No entanto, o resultado de agosto destacou-se pela maior queda mensal do ano, reforçando a influência do tarifaço na decisão de empresas brasileira e norte-americanas.

Tarifaço: o que é e suas consequências

O termo tarifaço refere-se à aplicação de taxas de até 50% sobre uma vasta lista de produtos brasileiros enviados aos EUA, iniciada em agosto de 2025 pelo governo de Donald Trump. Entre as exceções estão produtos como suco de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis. Segundo o Ministério de Comércio dos EUA, a medida visa pressionar o Brasil devido ao déficit comercial que, apesar das alegações de Trump, não é de um lado só.

Trump justificou a tarifa como uma resposta ao que chamou de tratamento do Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no STF por tentativa de golpe de Estado. Dados do Ministério do Desenvolvimento indicam que cerca de 36% das exportações brasileiras ao país estão sujeitas à tarifa de 50%.

Saldo comercial dos EUA com o Brasil

Apesar das acusações, o levantamento mostra que os Estados Unidos apresentam um saldo positivo na relação com o Brasil. Em agosto, o déficit do país com a brasileira foi de US$ 1,2 bilhão, alta de 188% frente ao mesmo mês de 2024. No acumulado de janeiro a agosto, o déficit totaliza US$ 3,4 bilhões.

Contradizendo Trump, o Brasil é o quinto maior déficit comercial dos EUA, perdendo apenas para Países Baixos, Hong Kong, Reino Unido e Emirados Árabes. Além disso, as importações brasileiras de produtos norte-americanos, como carvão mineral, tiveram alta de 4,6% em agosto, embora abaixo dos aumentos de julho e junho (18,1% e 18,8%, respectivamente), sinalizando perda de dinamismo na troca bilateral. Segundo o presidente da Amcham, Abrão Neto, “a desaceleração das importações brasileiras indica um efeito indireto do tarifaço, devido à grande integração da economia dos dois países”.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes