As autoridades australianas anunciaram, nesta quinta-feira, que estão investigando um influenciador dos Estados Unidos por conta de vídeos viralizados em que ele captura e contém crocodilos selvagens no estado de Queensland. Este caso levanta questões sobre a ética na interação com a vida selvagem nas redes sociais e as consequências desse comportamento.
Vídeos virais e repercussão negativa
O influenciador, Mike Holston, conhecido como The Real Tarzann, possui uma base de 15 milhões de seguidores no Instagram. Recentemente, ele postou dois vídeos onde aparece lutando com um crocodilo, provocando reações de admiração e desaprovação. Um dos vídeos mostra Holston pulando de um barco em águas rasas e, ao que parece, arriscando sua integridade ao entrar em contato direto com o animal.
No primeiro vídeo, Holston é visto entrando na água e correndo em direção a um crocodilo de água doce, demonstrando uma atitude audaciosa e imprudente. Ele aparece segurando o réptil pelo pescoço, enquanto sangue é visível em seu braço, uma cena que gerou indignação entre os especialistas e o público em geral. “Esses são os tipos de experiências que os sonhos são feitos”, declarou ele, expressando seu fascínio por crocodilos, algo que desejava ver de perto desde a infância.
Reação dos especialistas e autoridades
Após a postagem, que acumula mais de um milhão de curtidas e 33 milhões de visualizações desde o dia 5 de setembro, o Departamento de Meio Ambiente de Queensland se pronunciou, informando que tais ações são “extremamente perigosas e ilegais” e afirmando que medidas severas, incluindo multas, estão sendo consideradas para desencorajar comportamentos semelhantes.
No segundo vídeo, Holston é visto perseguindo um crocodilo jovem em uma área de pântano e, com facilidade, ele consegue agarrar o animal. No entanto, as autoridades de Queensland chamaram essa interação de “completamente não característica” do comportamento natural dos crocodilos, que normalmente tentariam se soltar violentamente.
Ambos os crocodilos foram soltos após as gravações, que aparentemente ocorreram em Lockhart River, na Península de Cape York. Holston, ao ser contactado, não respondeu imediatamente. Em um comentário, ele tentou esclarecer que não incentivava a recriação de suas ações, enfatizando que o crocodilo foi liberado logo após algumas fotos serem tiradas.
Pressão por mudanças e consequências
Apesar de suas justificativas, a explicação de Holston não convenceu a todos. Bob Irwin, conservacionista e pai do famoso “Caçador de Crocodilos” Steve Irwin, criticou abertamente os atos do influenciador e clamou por punições mais rigorosas para publicações que possam comprometer a vida selvagem e a segurança das pessoas. “Os visitantes que vêm ao nosso país precisam respeitar nossa vida selvagem, ou devem ser expelidos”, afirmou Irwin em declaração à mídia australiana.
As autoridades lembraram que tanto os crocodilos de água salgada quanto os de água doce podem medir entre 1,8 e 4 metros de comprimento, com machos de água salgada pesando até 300 quilos. O valor da multa máxima para interferir com um crocodilo pode chegar a 37.500 dólares australianos (aproximadamente 25.000 dólares americanos).
Holston não é o primeiro influenciador dos Estados Unidos a se envolver em polêmicas relacionadas à vida selvagem na Austrália. Em março, uma influenciadora que se autodenominava “entusiasta ao ar livre” deixou o país após ser amplamente criticada por filmar um momento em que pegou um filhote de wombat de sua mãe angustiada, situação que também gerou repercussão negativa e protestos até mesmo do Primeiro-Ministro australiano.
Este caso levanta questões sobre a responsabilidade das redes sociais e a forma como as interações humanas com a fauna devem ocorrer, destacando a necessidade de um equilíbrio entre conteúdo de entretenimento e respeito ao meio ambiente.