Sócio da gestora de investimentos Lazulli Partners, Carlos de Barros trouxe à tona detalhes importantes sobre a proposta de compra da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Fluminense. Em entrevista ao GLOBO, ele expressou seu desejo de contar com o presidente Mário Bittencourt como CEO da nova empresa, destacando sua importância como um dos principais dirigentes do futebol brasileiro. Além disso, Barros discutiu a questão do endividamento do clube e as complexidades envolvidas na gestão compartilhada do Maracanã com o Flamengo.
O CEO ideal: Mário Bittencourt
Durante a conversa, Barros deixou claro que Mário Bittencourt, atual presidente do Fluminense, é uma figura central para a nova direção da SAF. “Gostaríamos de contar com ele. Não tem nada fechado, vamos negociar”, afirmou. Para o investidor, é essencial que a nova gestão tenha alguém com experiência no futebol, uma vez que o setor tem particularidades que diferem de outras indústrias. Barros acredita que um gestor do meio do futebol pode lidar melhor com as demandas específicas do ambiente esportivo.
Os prós e contras das SAFs no Brasil
Barros enfatizou que a SAF não é uma solução mágica, mas sim um modelo de gestão que pode ser benéfico, dependendo das circunstâncias do clube. “A SAF permite implementar uma forma de gestão que evita o ciclo eleitoral típico dos clubes associativos”, explicou. No entanto, ele também alertou sobre desafios. Muitas vezes, investidores entram achando que têm total percepção sobre o setor, mas a realidade é mais complexa. Segundo Barros, muitos clubes estão endividados e ainda enfrentam dificuldades para gerar receita suficiente para saldar suas dívidas.
Desafios financeiros do Fluminense
Um dos principais tópicos discutidos foi a dívida do Fluminense, que atualmente está próxima de R$ 900 milhões. “Se aplicarmos uma taxa de juros de mercado, como a Selic atual, em torno de 15%, estamos falando de mais de R$ 100 milhões por ano apenas em juros”, apontou Barros. Esse montante, segundo ele, representa mais do que o dobro do patrocínio master do clube. A proposta é não tentar quitar a dívida imediatamente, mas sim reorganizá-la de maneira sustentável, evitando o risco de novas crises financeiras.
Investimentos e gestão da folha salarial
A proposta prevê utilizar parte dos R$ 500 milhões iniciais para saldar dívidas e investir na folha salarial do clube. “Precisamos focar em potencializar as receitas, e isso passa por investir em um elenco competitivo”, disse Barros. Com um compromisso anual que pode chegar a R$ 640 milhões, há uma expectativa de que a folha salarial aumente consideravelmente nos próximos anos. Segundo o investidor, essa estratégia é fundamental para manter o Fluminense entre os clubes que mais investem em seus atletas.
Compromissos financeiros e a gestão do Maracanã
Um tópico relevante foi o gerenciamento do Maracanã, que atualmente conta com uma parceria de 20 anos entre Fluminense e Flamengo. Barros reafirmou a importância dessa colaboração: “A parceria está indo muito bem, e acreditamos que devemos continuar valorizando esse que é o principal palco do futebol brasileiro”. Em relação ao estádio das Laranjeiras, ele ressaltou que, embora sejam necessárias melhorias, o espaço permanece como um patrimônio histórico do futebol brasileiro e poderá ainda ser utilizado para jogos menores.
Concluindo, Carlos de Barros apresentou uma visão clara sobre o futuro da SAF do Fluminense, com ênfase em uma gestão profissional e no papel vital que os investidores pretendem desempenhar para garantir a saúde financeira e competitiva do clube. A proposta ainda está em negociações, mas a determinação de Barros e sua equipe é evidente, refletindo as esperanças de um novo capítulo na história do Fluminense.