Nesta quarta-feira, o Papa Leo XIV, em anúncio que colocou os fiéis debaixo de guarda-chuva na Praça de São Pedro, explicou que os gritos de dor, como os de Jesus na cruz, representam mais do que fraqueza: são sinais de desejo, entrega e oração.
O valor do choro na mensagem do Papa Leo XIV
Durante a catequese, o pontífice enfatizou que, embora recebamos a ideia de que chorar é algo desordenado a ser reprimido, a Sagrada Escritura revela o contrário: o choro tem valor, podendo ser uma invocação, uma protesto, um desejo ou uma entrega.
“Em certas ocasiões, o que não podemos dizer com palavras, podemos expressar com a voz,” afirmou Leo XIV. “Quando o coração está cheio, ele chora. E isso nem sempre é sinal de fraqueza; às vezes, é um ato profundo de humanidade.”
O Papa destacou que o choro, inclusive o mais silencioso, pode ser a oração mais extrema quando não há palavras, pois nasce do desejo de estar com Deus.
O clamor de Jesus na cruz: demonstração de amor supremo
Falando aos peregrinos sob guarda-chuva, o Papa destacou a importância de refletir sobre o momento culminante da vida de Jesus: sua morte na cruz. “Na cruz, Jesus não morreu em silêncio,” explicou Leo XIV. “Ele gritou fortemente antes de partir. Esse grito contém tudo: dor, abandono, fé e oferta. Não é apenas a voz de um corpo que se entrega, mas o sinal final de uma vida que se rende.”
Ele lembra que esse grito foi precedido pela pergunta dolorosa: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”, uma das perguntas mais sentidas na paixão.
Segundo o Papa, naquele instante, Jesus vivencia silêncio, ausência e o abismo, mas essa não é uma crise de fé, e sim o ápice de um amor que se entrega até o fim. “O grito de Jesus não é desespero, mas sinceridade e verdade, uma confiança que perdura mesmo na escuridão,” afirmou.
Um amor manifesto no silêncio do Senhor
O Papa enfatizou que o grito de Jesus revela o maior amor de todos, mostrando a Deus que não permanece distante, mas atravessa nossa dor até o final. “É ali, naquele homem ferido, que o amor se manifesta na sua forma mais pura,” acrescentou.
Jesus nos ensina a não temer o choro
Leo XIV também refletiu que o choro pode ser uma “geste espiritual”, pois é muitas vezes o primeiro ato do ser humano após o nascimento e uma forma de permanecer vivo. “Choramos na dor, mas também na esperança, no amor, na invocação. Chamar por alguém é uma expressão de quem somos, um gesto de não querer se apagar na ausência,” comentou.
O pontífice exortou os fiéis a não segurarem suas lágrimas, alertando que guardar tudo dentro de si pode nos consumir lentamente. “Jesus nos ensina a não temer o choro consciente e humilde, dirigido ao Pai. Um grito oriundo do amor nunca é em vão,” afirmou.
Aprender com o Senhor a clamar por esperança
Encerrando sua homilia, o Papa convidou a todos a aprenderem com Jesus a dar um “grito de esperança” nas horas de maior provação. “Não para ferir, mas para confiar; não para berrar com alguém, mas para abrir nossos corações. Se o nosso grito for verdadeiro, pode ser a porta de uma nova luz, de um novo nascimento,” concluiu.
O momento terminou com o Papa Leo XIV cumprimentando fiéis, incluindo recém-casados, pessoas doentes e com deficiência, entre elas uma criança em cadeira de rodas, demonstrando sua proximidade com as dificuldades humanas.
