Brasil, 10 de setembro de 2025
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Papa Leo XIV cria diocese na China e intensifica tensões com o governo

A nova diocese de Zhangjiakou foi criada sem o reconhecimento de Pequim, refletindo a disputa sobre o controle da Igreja na China

O Papa Leo XIV estabeleceu uma nova diocese católica na China, na cidade de Zhangjiakou, em um movimento que reforça a disputa entre o Vaticano e Pequim sobre o controle das igrejas locais. A decisão veio após a supressão de antigas dioceses, sem a concordância oficial do governo chinês, que mantém controle sobre as instituições religiosas.

Criação da diocese e rompimento com dioceses históricas

A Diocese de Zhangjiakou substitui as antigas dioceses de Xiwanzi e Xuanhua, ambas fundadas em 1946 pelo Papa Pio XII e agora dissolvidas pelo Vaticano. A nova jurisdição cobre uma área de 14 mil quilômetros quadrados, com cerca de 85 mil fiéis e 89 padres, sendo uma diocese fiscal da Arquidiocese de Pequim.

Ausência de menção ao bispo perseguito

O anúncio oficial do Vaticano não mencionou o bispo underground de Xuanhua, Augustine Cui Tai, de 75 anos. Cui, conhecido por sua resistência ao controle estatal, foi detido diversas vezes pelo governo chinês, que controla a Igreja Católica no país por meio da Associação Patriótica Católica, uma entidade sob influência do Partido Comunista.

Segundo dados de uma análise do Hudson Institute, Cui foi detido pela última vez em 2021, e, recentemente, opositores afirmaram que uma cerimônia de aposentadoria será realizada em 12 de setembro. Sua situação simboliza o conflito contínuo entre o Vaticano e Pequim sobre a autonomia da Igreja.

Disputa sobre fronteiras e controle religioso

A criação da nova diocese evidencia uma questão antiga na relação Vaticano-China: o governo chinês redesenha as fronteiras das dioceses para alinhá-las às divisões administrativas do Estado, ignorando as jurisdições canônicas reconhecidas pelo Papa. Pequim reconhece atualmente 104 dioceses, enquanto o Vaticano mantém 143 na China.

O acordo provisório assinado em 2018, renovado em 2024 pelo Papa Francisco, prevê a nomeação conjunta de bispos, mas suas cláusulas permanecem reservadas, e violações ocorrem com frequência, segundo fontes diplomáticas e religiosas.

Posição de Leo XIV e expectativas futuras

O Papa Leo XIV, que herdou o entendimento com Pequim do pontificado de Francisco, reforçou a importância do diálogo com as autoridades chinesas. Em reunião com bispos de Hong Kong, ele destacou a busca por uma comunicação respeitosa, apesar das complicações no relacionamento.

Embora tenha mantido nomes de figuras chave da diplomacia do Vaticano, como o cardeal Pietro Parolin, seu posicionamento frente às questões de direitos humanos e liberdade religiosa no país ainda gera incertezas. A comunidade internacional acompanha de perto os próximos passos do pontífice na relação com a China.

Perspectivas e desafios para a Igreja na China

Analistas avaliam que a criação da diocese em Zhangjiakou não deve aliviar o clima de tensions com Pequim nem solucionar a questão dos bispos underground. A perseguição a líderes da Igreja clandestina, como Cui Tai, continua a marcar a dinâmica entre o governo chinês e o Vaticano, que busca manter o diálogo sem comprometer sua autonomia.

Especialistas apontam ainda que a estratégia do governo chinês de inflar suas próprias dioceses sob controle estatal pode aprofundar a divisão dentro da Igreja e dificultar o reconhecimento internacional da Igreja Católica na China, conforme afirmou um porta-voz da Santa Sé. O futuro das relações diplomáticas entre os dois papados dependerá do grau de abertura de Pequim e do esforço Vaticano de diálogo e resistência.

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