No dia 6 de setembro de 2025, Londres foi palco de uma das maiores manifestações pró-vida já realizadas no Reino Unido, reunindo aproximadamente 10 mil pessoas de diversas idades, religiões e origens. A Marcha pela Vida de 2025, que celebrou sua 10ª edição, contou com a participação de famílias, civis, sete bispos católicos, religiosos e uma mensagem do Papa Leo XIV, enviando um forte apelo à dignidade da vida humana.
Marcha histórica com forte apelo pro-vida
A manifestação saiu próximo à Catedral de Westminster e seguiu até os arredores do Parlamento britânico, sob céu ensolarado e clima festivo. Um gaitista liderou o cortejo, acompanhado por cartazes com frases como “Direitos Humanos Começam na Concepção”, “Vida Desde a Concepção Sem Exceções” e “Abortar Para um Coração Que Bate”.
Apesar de obstáculos inesperados, como a suspensão da conta oficial no X/Social Media dois dias antes do evento, a marcha foi considerada um sucesso retumbante. Segundo Isabel Vaughan-Spruce, diretora do March for Life UK, a adesão foi maior que jamais ocorrera, com maior presença de jovens, líderes religiosos e participantes de diferentes crenças.
Mais do que números: histórias de vida e esperança
Vaughan-Spruce destacou que o movimento se tornou “muito mais” do que uma demonstração de apoio: trata-se de testemunhos de vidas transformadas, histórias pessoais de luta e esperança. O bispo David Waller, da Ordinariato de Nossa Senhora de Walsingham, reforçou que o apelo é pela dignidade de toda a vida humana, não apenas a do ventre materno.
“Para muitos presentes, o ato de marchar é uma expressão de viver na verdade de que toda vida é sagrada”, afirmou Waller. Ele também ressaltou que, mesmo aqueles que já passaram por aborto, também considerados vítimas por sua dor e arrependimento, merecem respeito e compaixão.

Contexto político hostil ao movimento pró-vida
A marcha ocorre em um momento de forte avanço de legislações contrárias à vida no Reino Unido. Em junho, o Parlamento aprovou projetos de lei que ampliam o aborto e permitem o suicídio assistido, incluindo a descriminalização da interrupção de gravidez em qualquer fase gestacional e até o momento do parto. Apesar de ainda precisarem passar por outras etapas legislativas, esses projetos apostam em amplo apoio político e público.
Paul Malloy, participante ativo há cinco anos, chamou as propostas de “horror” e alertou que a legislação ameaça a futura sociedade, transformando médicos em agentes de morte. “Essa cultura que vê a vida como descartável está deixando a sociedade à deriva,” afirmou.

Silêncio midiático e a luta pela verdade
Malloy e outros ativistas lamentam a ausência de cobertura mais ampla pelos principais veículos de comunicação, como a BBC, que deixam o movimento “à margem” do debate público, mantendo uma “intensa ignorância” sobre a realidade da vida desde a concepção. “É preciso mostrar que, desde o começo, estamos diante de uma vida humana”, reforçou.
Testemunhos de esperança e resistência
O evento também foi marcada por relatos de superação e esperança, com testemunhos emocionantes como o de Josiah Presley, que sobreviveu a uma tentativa de aborto. Criado por pais adotivos amorosos após uma tentativa fracassada de aborto por parte de seus pais biológicos, Presley convida os presentes a combaterem a cultura do descarte.
Outro destaque foi o relato de Natalia, uma jovem mãe que, após abortar em 2020 com apenas 19 anos, encontrou apoio na pastoral pró-vida e hoje incentiva mulheres a escolherem a vida mesmo em momentos difíceis.
Mensagem papal reforça o valor da vida
Por meio do núncio apostólico, o Papa Leo XIV enviou saudação especial aos participantes, ressaltando a responsabilidade dos governos em promover sociedades pacíficas que respeitem a dignidade de todas as pessoas, “especialmente as mais frágeis, desde os não nascidos até os idosos”.
Antes de finalizar, o pontífice impartiu sua bênção apostólica e invocou bênçãos divinas, agradecendo a coragem de todos que defendem a vida.
A marcha de 2025 demonstrou, mais uma vez, que o movimento pró-vida no Reino Unido não apenas cresce em número, mas também se fortalece na fidelidade à verdade e na esperança por um futuro mais justo e humano.