O Rio de Janeiro enfrenta uma tragédia que chamou a atenção da sociedade e das autoridades a partir da morte de Marilha Menezes Antunes, uma técnica de segurança do trabalho de apenas 28 anos. A jovem faleceu durante um procedimento estético na clínica Amacor, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, o que levantou questões graves sobre os padrões de segurança e a responsabilidade nas clínicas de estética da região.
O ocorrido e as investigações em andamento
Na tarde de segunda-feira, dia 8 de setembro, Marilha deu entrada na clínica para realizar uma lipoaspiração com enxerto nos glúteos, um procedimento que custou cerca de R$ 5 mil. Infelizmente, algumas horas depois, ela não resistiu e sofreu uma parada cardiorrespiratória. De acordo com o laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) de Campo Grande, sua morte foi causada por uma “ação perfuro contundente” e hemorragia interna.
Familiares de Marilha, especialmente sua irmã, Lea Carolina Menezes Antunes, relatam momentos de apreensão e negligência durante a emergência. Em um desabafo emocionante, Lea disse que ao chegar ao centro cirúrgico encontrou o médico tentando reanimar sua irmã e que a equipe não forneceu informações claras sobre a situação.
Segundo a profissional de saúde que socorreu Marilha, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado às 18h13. Apesar da rápida atuação dessas equipes, a jovem não sobreviveu. O caso agora está sob investigação do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj), que abriu uma sindicância para apurar as circunstâncias da morte.
Denúncias de negligência e falta de equipamentos
A situação se torna ainda mais preocupante com as acusações de que a clínica Amacor não possuía os equipamentos adequados para emergências. Durante uma fiscalização realizada por profissionais do Cremerj, agentes da Delegacia do Consumidor (Decon), e da Vigilância Sanitária, foram encontrados materiais com data de validade vencida, incluindo ampolas e soluções injetáveis. Este tipo de negligência levanta questões sobre a segurança dos procedimentos realizados na unidade.
A clínica, em contrariedade às acusações, reafirma que possui todos os equipamentos necessários para emergências, como desfibrilador e carrinho de parada cardiorrespiratória, além de garantir que as manobras de ressuscitação foram iniciadas conforme os protocolos de reanimação. A própria clínica se defende afirmando que seguiu os procedimentos adequados diante da emergência.
O impacto na família e a reação da sociedade
Marilha era mãe de um menino de apenas 6 anos, e sua morte deixou um vazio inestimável em sua família e amigos. O velório e enterro da jovem acontecem no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador, e conta com a presença de pessoas que lamentam profundamente sua perda. Lea Carolina expressou a dor do ocorrido: “Minha irmã era vida. Levei ela para realizar um sonho e ela morreu”, ressaltando a tristeza e o desespero vividos pela família após a tragédia.
Este caso também instiga um debate mais amplo sobre a segurança em clínicas de estética e a regulamentação desses serviços no Brasil. As tragédias que envolvem procedimentos estéticos enfatizam a urgência de maior fiscalização e formação profissional para aqueles que atuam nesse campo. O bem-estar dos pacientes deve ser sempre a prioridade máxima.
A busca por justiça e segurança
As investigações continuam e a pressão para que respostas sejam dadas e ações corretivas sejam implementadas se intensificam. A população espera que o corpo de Marilha e suas queixas sejam ouvidos e que medidas sejam tomadas para evitar que tragédias semelhantes aconteçam no futuro. Cada caso de negligência deve ser tratado com a seriedade que merece, especialmente quando são vidas que estão em jogo.
A sociedade brasileira, assim, clama não apenas por justiça, mas também por um reexame das práticas de segurança em medicina estética em todo o país, para que faça-se luz sobre os protocolos e responsabilidades que envolvem procedimentos que podem ser, muitas vezes, fatais.