Brasil, 10 de setembro de 2025
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Investidores propõem SAF para Fluminense com foco em sustentabilidade

A proposta da LZ Sports busca transformar o Fluminense em um clube sustentável financeiramente, com investimento de R$ 6,9 bilhões.

A recente proposta de transformar o Fluminense em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) ganhou destaque ao ser apresentada pelos investidores da LZ Sports ao Conselho Deliberativo do clube. Com um investimento estimado em R$ 6,9 bilhões ao longo de dez anos, o objetivo é colocar o tricolor entre as três maiores folhas salariais do Brasil. No entanto, essa injeção de recursos não significa que haverá um influxo imediato de dinheiro para contratações, a exemplo dos modelos de “mecenato” já vistos em outros clubes, como o Botafogo e o Cruzeiro.

Aposte na sustentabilidade financeira

Diferente dos clubes que seguem esse caminho de explosão salarial, os investidores da LZ Sports, formados por um grupo de torcedores do Fluminense, almejam um crescimento sustentável. A estratégia envolve aumentar as receitas do clube, utilizando a experiência do grupo na gestão e aceleração de empresas, ao invés de contar apenas com aportes externos.

O primeiro passo do plano inclui um investimento inicial de R$ 500 milhões, dividido em duas parcelas. Esse montante será direcionado, em parte, para a quitação de uma dívida que atualmente soma R$ 871 milhões. O investimento total projetado para o futebol do clube ao longo da década é de R$ 6,4 bilhões, o que se traduzi em cerca de R$ 640 milhões por ano.

Detalhes do investimento e alocação de recursos

Ao ser entrevistado pelo GLOBO, Carlos de Barros, sócio da LZ Sports, esclareceu como os recursos iniciais serão utilizados. “Vamos usar parte dos R$ 500 milhões para dívida e também para investir, aumentando a folha salarial. Contamos com a redução da dívida e queremos potencializar as receitas. É um ciclo virtuoso. Precisamos investir no elenco para ter mais premiação e mais receitas”, afirmou Barros.

Dentro do montante anual, R$ 625 milhões serão especificamente destinados ao futebol. Deste total, R$ 486,5 milhões estão previstos para despesas relacionadas à folha salarial de jogadores e comissão técnica, além de encargos sociais e trabalhistas, premiações e gratificações. O restante, cerca de R$ 114 milhões, será alocado para a compra de novos jogadores, incluindo comissões de agentes.

Celso de Barros, especialista em futebol, ressaltou a importância do comprometimento com os gastos: “Caso não se gaste esses R$ 625 milhões, não terão nenhum lucro, não haverá distribuição de dividendos”, alertou.

Crescimento salarial e desafios futuros

Conforme o balanço de 2024, que é o mais recente publicado, o Fluminense apresenta uma folha salarial atual em torno de R$ 19 milhões. A meta dos investidores é elevar esse número para R$ 25 milhões em 2026, representando um aumento de 31,6%, e de R$ 27,1 milhões em 2028, um crescimento de 42,6%. Ao final da década, espera-se que esse valor alcance R$ 36 milhões, tornando-se mais próximo das cifras praticadas por clubes como Flamengo e Palmeiras.

“Dá para pagar o salário de quatro Jhon Arias, por exemplo”, compara Carlos de Barros, referindo-se ao impacto positivo que esse investimento pode ter. “Com esse compromisso de investimento e essas projeções com o incremento de receitas, além do capital, conseguiremos levar o Fluminense para um clube top 3”, completou.

Expectativas e realidades do planejamento

Entretanto, César Grafietti, especialista em gestão e finanças no futebol, trouxe à tona algumas preocupações. Ele lembrou que o Fluminense teve anos extraordinários, como a conquista da Libertadores em 2023 e um bom desempenho na Copa do Mundo de Clubes em 2025, resultando em receitas de premiação que não são frequentes. Segundo ele, para alcançar saltos mais significativos será necessário um aporte adicional de recursos.

“Acho que é bastante agressivo do ponto de vista do investidor. Não vejo com facilidade o clube atingindo o nível de receita que seria suficiente para gastar R$ 625 milhões em futebol e ao mesmo tempo pagar todas as dívidas. Os investidores estão contando com uma receita muito otimista, como ganhar a Libertadores todo ano, vender R$ 300 milhões em jogadores e participar de um Mundial que não acontece todo ano”, ponderou Grafietti.

O cenário delineado pelos investidores da LZ Sports propõe uma transformação no Fluminense, focando em um crescimento sustentável que busque resultados tanto dentro de campo quanto em sua saúde financeira. A partir dessa proposta, a expectativa é que o clube consiga não apenas estabilizar suas contas, mas também se posicionar como um dos protagonistas do futebol brasileiro nos anos futuros.

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