Brasil, 10 de setembro de 2025
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Fux vota pela absolvição de Bolsonaro em processo de golpe de Estado

Ministro do STF absolve Jair Bolsonaro de acusações graves, incluindo golpe de Estado, em julgamento na Primeira Turma.

Na noite desta quarta-feira (10), o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), proferiu seu voto pela absolvição de Jair Bolsonaro das acusações de golpe de Estado e de outros crimes associados à denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), durante o julgamento na Primeira Turma do tribunal. A declaração de Fux, que classificou o tribunal como “absolutamente incompetente” para julgar a questão, propõe uma série de desdobramentos legais e políticos que podem impactar o futuro da política brasileira.

Absolvição por crimes graves

O ministro votou também pela absolvição de Bolsonaro nos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Além disso, em uma votação anterior, ele já havia se manifestado no mesmo sentido em relação ao crime de organização criminosa armada, que envolve não apenas o ex-presidente, mas outros sete réus ligados à trama golpista.

Falta de provas e fundamentação do voto

Fux justificou seu voto destacando a ausência de provas concretas que demonstrem que Bolsonaro tinha conhecimento de planos de assassinar autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes e o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O magistrado questionou a solidez das evidências apresentadas pela acusação, que estava representada pelo procurador-geral, Paulo Gonet, durante a sessão.

Além disso, Fux ponderou que nos autos do processo não existem elementos que liguem o ex-presidente aos ataques terroristas que ocorreram em 8 de janeiro. Até aquele momento, sua única posição condenatória foi em relação ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, um dos acusados pela tentativa de abolir violentamente o Estado Democrático de Direito.

Expectativas e tensões no Supremo

A decisão de Fux era aguardada com grande expectativa entre os apoiadores de Bolsonaro e os advogados dos outros réus. Historicamente, Fux já demonstrou discordâncias em relação a Moraes, especialmente em casos que envolvem o ex-presidente. Sua manifestação, no entanto, não se materializou como um “ponto de inflexão” para o bolsonarismo, como alguns aliados do ex-presidente esperavam.

Importante mencionar que a gestão de Fux na presidência do STF, entre 2020 e 2022, foi marcada por tensões e embates diretos com Bolsonaro. Durante um protesto em Brasília em setembro de 2021, o então presidente ameaçou diretamente Fux, desafiando a autoridade do STF diante de uma multidão de apoiadores. Esse episódio, entre outros, intensificou o clima de animosidade entre os dois poderes, refletindo a complexidade da relação entre o Judiciário e o Executivo.

Reações e o futuro do caso

A fala de Bolsonaro durante o protesto foi utilizada como uma das evidências de que ele liderava uma organização criminosa, conforme apontado pelos votos dos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino. Apesar disso, a absolvição de Bolsonaro por parte de Fux gera um novo cenário no âmbito político e jurídico, sendo que a decisão pode influenciar outros julgamentos e também a percepção pública sobre a atuação do STF.

Após as tensões, Bolsonaro acabou por recuar de suas ameaças contra as instituições, redigindo uma carta em parceria com o ex-presidente Michel Temer, em um esforço para apaziguar o clima político antes de possíveis ameaças de impeachment no Congresso. A situação, embora hoje vista como um marco de alívio para o bolsonarismo, ainda é permeada por incertezas no campo jurídico e político.

Nos próximos dias, a expectativa é que outros ministros do STF se manifestem em seus votos, somando-se ou divergindo da posição de Fux, o que poderá alterar a dinâmica do julgamento e suas implicações. O cenário continua a evoluir e promete trazer desdobramentos significativos para a política brasileira.

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