A deputada Carla Zambelli (PL), que se encontra presa na Itália, reagiu de forma contundente ao depoimento do hacker Walter Delgatti realizado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (10/09). Durante o encontro, que contou com sua participação por videochamada, Zambelli o chamou de “mentiroso compulsivo”, buscando desqualificar as acusações que podem culminar na cassação de seu mandato. As declarações de Delgatti apontam implicações sérias no relacionamento entre os dois, levantando questões que audacemente desafiam a credibilidade da deputada.
A acusação do hacker
Walter Delgatti, que já foi preso por seu envolvimento em crimes cibernéticos, afirmou durante seu depoimento que invadiu o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a mando de Zambelli. Segundo ele, a deputada teria lhe prometido um emprego em troca de seus serviços. O hacker ainda revelou que passou 20 dias em um apartamento funcional pertencente à deputada em Brasília, afirmação que Zambelli refutou, alegando que Delgatti esteve em sua residência apenas “por algumas horas” e chamando suas alegações de products da “imaginação” do hacker.
Um embate fervoroso
Em uma tentativa clara de desacreditar Delgatti, a deputada argumentou que “todo esse processo é baseado em ou a pessoa acredita no Walter ou na Carla”. A fala retórica impressionante incluiu uma confrontação direta: “Você acha que sabe o que está falando, Walter? Você é um mitomaníaco.” Essa acusação se deu em meio a uma discussão sobre a saúde mental do hacker, que admitiu fazer uso de medicação controlada para TDAH. Zambelli, à sua vez, questionou a veracidade de suas palavras, com ironia, ao dizer que “oito venvanse da maior categoria que tem” não eram suficientes para fornecer um relato verdadeiro.
Esse momento foi logo interrompido pelo presidente da CCJ, Paulo Azi (União), que pediu que perguntas de cunho pessoal fossem evitadas. A deputada encerrou sua fala ressaltando seu desejo de provar a veracidade de suas afirmações, contra-atacando as acusações de Delgatti sobre o tempo que ele passou em sua casa e outros aspectos de seu envolvimento nas investigações.
A cassação do mandato
A situação da deputada é ainda mais complicada pelo fato de que ela se tornou foragida da Justiça, após deixar o Brasil em maio. Recentemente, Zambelli foi condenada a uma pena de 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por sua participação na invasão do CNJ, junto ao hacker Walter Delgatti. Os ministros determinaram também a perda de seu mandato, um processo que ainda precisa ser oficializado pela Câmara dos Deputados.
Caminho legal para a cassação
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), encaminhou a questão da cassação para a CCJ, onde a relatoria foi atribuída ao deputado federal Diego Garcia (Republicanos-PR). Após a análise na comissão, o parecer do deputado será submetido ao plenário, que decidirá sobre a perda definitiva do mandato de Zambelli.
Diante desse cenário, a atenção se volta não apenas para o desfecho da comissão, mas também para as repercussões políticas que o caso pode acarretar, tanto para Zambelli quanto para o ambiente legislativo como um todo. O que se desenha é um cenário repleto de tensões e significativas implicações para a credibilidade do parlamento e do processo político brasileiro.
Esse episódio, ao que parece, é apenas uma parte de uma narrativa maior que envolve o uso indevido de poder e as controvérsias que cercam a atuação de figures políticas na era digital. O desdobramento desse caso será acompanhado de perto pela sociedade e por todos que buscam um panorama mais transparente e ético na política brasileira.