A deputada Carla Zambelli, do PL-SP, participou nesta quarta-feira (10) de sessão por videochamada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). da Câmara dos Deputados, que está analisando um pedido de cassação de seu mandato. Zambelli, condenada a dez anos de prisão por invasão a sistemas do Judiciário, se encontra atualmente na Itália, onde se refugiou.
A audiência e o papel de Walter Delgatti
Durante a sessão, a parlamentar teve a oportunidade de interrogar o hacker Walter Delgatti, que também foi condenado pelo mesmo caso de invasão. Delgatti, que está preso em São Paulo, participou do depoimento por videochamada e foi chamado por Zambelli como uma das autoras do crime. Em um clima tenso, a deputada questionou Delgatti em relação a declarações feitas pelo ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, que contradizem as afirmações do hacker.
O embate verbal
Durante o questionamento, Zambelli fez uma acusação direta a Delgatti, chamando-o de “mitomaníaco”. Ela trouxe à tona o fato dele ter afirmado que tinha procurado o então presidente Jair Bolsonaro para discutir a confiabilidade das urnas eletrônicas e que teria sido recebido diversas vezes no Ministério da Defesa, algo negado por Nogueira. A deputada desafiou o hacker a esclarecer quem deveria ter mais credibilidade: ele ou o ex-ministro geral.
Delgatti, por sua vez, se defendeu, afirmando que tanto ele quanto o ex-ministro são réus no mesmo processo e que a decisão de quem acreditar ficava a critério da audiência. A contenda expôs uma rixa significativa entre os envolvidos, revelando os tensos relacionamentos políticos que permeiam o caso da invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Consequências e desdobramentos legais
A situação de Carla Zambelli se agrava ao considerar que ela foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento na invasão que visava adulterar documentos, incluindo a emissão de um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes. O processo se coloca atualmente em uma fase decisiva, onde a CCJ vai avaliar o pedido de cassação proposto pelo STF. O relator do caso, deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), irá produzir um parecer que será votado pela comissão e, posteriormente, pelo plenário.
Antes que o pedido de cassação fosse formalizado, Zambelli já tinha solicitado uma licença de 127 dias de sua função como deputada, que foi concedida pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Desde então, seu mandato tem sido exercido interinamente pelo deputado Coronel Tadeu (PL-SP).
Prisão e possíveis desdobramentos internacionais
A deputada deixou o Brasil após a acusação e o STF solicitou seu pedido de prisão, além da cassação de seu mandato. Em maio, o tribunal declarou que Zambelli deveria cumprir sua pena na Itália, onde permanece aguardando a conclusão da análise de seu processo de extradição. Essa situação representa uma complexidade adicional, visto que a resolução do caso pode levar anos, dependendo da resposta do governo italiano em relação ao pedido do Brasil.
Conforme os desdobramentos do caso, a interação de Zambelli com Delgatti na CCJ expõe as dificuldades e as implicações de uma trama de corrupção política que abala a confiança nas instituições brasileiras. O foco agora se concentra em como a comissão manejará a situação e a imagem pública da deputada, além de discutir as implicações legais que poderão surgir a partir de suas alegações e a condução da audiência.
Com a análise do pedido de cassação em andamento e a vinculação de Zambelli a um caso tão grave, o futuro da deputada e as repercussões desse caso prometem continuar a ser um tópico de intenso debate no cenário político brasileiro.