Após um longo inverno, muitos cariocas buscam o bronzeado perfeito, recorrendo a clínicas de bronzeamento artificial, mesmo com a prática sendo proibida desde 2009. Estudos demonstram que esses procedimentos podem resultar em queimaduras, cicatrizes e, em casos graves, câncer de pele. Apesar dos riscos, as promessas de um “bronze perfeito” atraem um número alarmante de clientes, gerando receitas que variam de R$ 40 a R$ 70 por sessão.
A busca pelo bronzeado ideal
Em um ambiente onde a estética é muitas vezes priorizada, relatos de clientes como uma mulher que buscou tratamento no Espaço VIP Bronze revelam o impacto emocional por trás dessa busca. Após um divórcio, ela sentiu a necessidade de se sentir mais bonita e, equivocadamente, achou que o bronzeamento artificial a ajudaria a alcançar esse objetivo. Observando a desistência de outra cliente que passou mal durante a sessão, a preocupação começou a surgir.
“Eu comecei a me coçar muito. Perguntei se era assim mesmo e me responderam: ‘É assim. Por causa do produto que você passou agora.’” Essa resposta, que minimiza a gravidade dos sintomas apresentando pela cliente, expõe uma falha ética e de responsabilidade das clínicas que continuam a operar apesar da proibição.
Os riscos à saúde
A dermatologista Regina Schechtman, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia no Rio, emite um alerta preocupante sobre o uso das camas de bronzeamento artificial. “Esses dispositivos aumentam significativamente o risco de câncer de pele, incluindo melanoma, o mais grave de todos. Para quem deseja um tom mais bronzeado, existem alternativas seguras, como os autobronzeadores, que não oferecem riscos à saúde.”
Apesar das evidências sobre os perigos, muitos estabelecimentos continuam em operação. Clínicas como Marcelle Bronze e Diva Bronze se destacam nas redes sociais, com milhares de seguidores e uma rotina publicitária agressiva. Os clientes são atraídos por promessas e fotos de resultados incríveis, muitas vezes sem estarem cientes dos riscos que correm.
Fiscalização e legislação
A Anvisa proíbe a importação, comercialização e uso de câmaras de bronzeamento artificial para fins estéticos desde 2009. A fiscalização da aplicação dessa proibição é responsabilidade das vigilâncias sanitárias locais. No Rio, a Vigilância Sanitária informou que ações de fiscalização são realizadas regularmente, mas muitas clínicas ainda encontram maneiras de operar informalmente. Este é o caso do Espaço VIP Bronze, que foi visitado pela fiscalização em agosto, porém estava fechado nas ocasiões.
O uso de câmaras de bronzeamento, que emitem radiação ultravioleta, é particularmente preocupante, uma vez que as estatísticas indicam um aumento de até 75% no risco de melanoma entre aqueles que utilizam esses dispositivos. Uma cliente insatisfeita formalizou uma queixa na Delegacia do Consumidor, levando à investigação da prática e ao alerta sobre a situação em que se encontram muitos consumidores.
A luta pela conscientização
Essa questão não diz respeito apenas à saúde individual, mas também ao direito do consumidor. O acesso à informação é fundamental na luta contra essa prática prejudicial. A denúncia e a conscientização sobre os riscos associados ao bronzeamento artificial são essenciais para proteger usuários de clínicas que ainda oferecem esse tipo de serviço.
Enquanto algumas clínicas buscam operar dentro das normas legais, outras se aproveitam da falta de fiscalização eficaz e do desejo da população por um corpo idealizado, expondo seus clientes a riscos inaceitáveis. Neste cenário, uma mudança de comportamento e aumento na conscientização são cruciais para garantir que ninguém mais porá a saúde em risco em busca de um bronzeado.
Além de continuar acompanhando as notícias e as atualizações nas redes sociais, a população deve se informar sobre os riscos e buscar métodos seguros para cuidar da pele. É uma responsabilidade mútua entre autoridades, consumidores e profissionais de saúde.