Brasil, 10 de setembro de 2025
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A verdadeira história por trás de ‘O Testamento de Ann Lee’

Filme retrata os primeiros anos do movimento dos Shakers e a vida visionária de sua fundadora, Ann Lee, de forma especulativa e musical

Dirigido por Mona Fastvold, O Testamento de Ann Lee oferece uma releitura artística da origem do movimento Shaker, centrada na figura de sua fundadora, interpretada por Amanda Seyfried. O filme, que participou do Festival de Veneza e de Toronto, mistura elementos musicais e coreografias inspiradas em hinos históricos, refletindo as práticas fervorosas dos Shakers na oração.

Quem foi Ann Lee e como surgiu o movimento Shaker

Nascida em 29 de fevereiro de 1736, em Manchester, na Inglaterra, Ann Lee cresceu em uma família numerosa e distante das tradições da Igreja da Inglaterra. Desde cedo, demonstrou resistência às convenções sociais, especialmente às relações íntimas que presenciava em seu cotidiano, o que alimentou seu repúdio à sexualidade. Sua busca por espiritualidade a levou a encontrar os preceitos dos Quakers, que pregavam purificação do corpo através de cânticos e dança.

O que diferenciava os Shakers era sua excentricidade religiosa, que incluía movimentos de shaking (tremor), canções e danças durante as orações. Ann Lee ganhou destaque por suas visões e pelo carisma, tornando-se vista como a segunda vinda de Deus, recebendo o título de Mãe pelos seguidores.

De Manchester à América: a jornada de Ann Lee

Casada com Abraham Standarin em 1761, Ann enfrentou tragédias pessoais com a morte de seus quatro filhos ao longo da infância e um casamento conturbado devido à resistência da própria Ann à intimidade física. Em uma visão, ela declarou que a pureza e a libertação do pecado só seriam possíveis através da celibato completo, levando-a a romper seu casamento e a promover o abstinência sexual entre seus seguidores.

Ela também defendia a igualdade total entre os sexos e raças, o que a colocou em conflito com a Igreja da Inglaterra, que a considerou uma herege, chegando a interná-la em um hospício. Sua libertação — possivelmente após falar dezenas de línguas — a impulsionou a partir para os Estados Unidos, levando seu movimento a um estágio mais amplo.

Fundação da comunidade Shaker nos Estados Unidos

Em 1774, Ann Lee e seus seguidores partiram de Liverpool rumo a Nova York, estabelecendo-se na região de Albany, onde fundaram Niskayuna. Lá, seguiram seus rigorosos princípios de pureza, celibato e perfeição constante, vivendo em uma sociedade sem posse de bens materiais e sem envolvimento na guerra, o que gerou conflitos com o contexto revolucionário americano.

Apesar de sua resistência ao militarismo, os Shakers prosperaram economicamente através da fabricação de móveis de alta qualidade, conhecido até hoje por seu design minimalista e inovador. A comunidade buscava uma vida utópica, livre de pecado e corrupção, consolidando o legado espiritual e social de Ann Lee.

Desafios e legado

Os períodos de perseguição religiosas e o isolacionismo cultural afrontaram a comunidade dos Shakers ao longo dos anos. Sua firme adesão ao pacifismo e à vida austera fizeram de Ann Lee uma figura de coragem e convicção inabalável, mesmo diante de ameaças e adversidades. O filme retrata essa trajetória de forma dramática, destacando a bravura de Ann Lee desde sua infância até sua morte, sempre mantida por uma fé inabalável na sua missão.

Para dar maior profundidade à narrativa, Fastvold e Corbet recorreram a obras de arte barroca e religiosa, buscando referências visuais que representam o drama e a espiritualidade da protagonista, complementando uma história repleta de inovação, resistência e fé.

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