As quatro dioceses que compõem a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST) – Sumbe, Saurimo, Menongue e Ondjiva – recentemente concluíram as celebrações de seu jubileu de ouro, um marco de 50 anos de história e dedicação à fé e à comunidade. Este jubileu, que teve como tema central a “esperança”, visa reforçar a missão da Igreja em um país que há muito clama por união e paz.
Um marco histórico de celebrações
A Diocese de Ondjiva foi a última a finalizar o ciclo comemorativo, com uma missa solene realizada em 31 de agosto. O evento, presidido por Dom Pio Hipuniaty, bispo da diocese, foi um momento de reflexão e agradecimento, com a presença de vários prelados da CEAST. Durante a homilia, Dom Pio recontou a trajetória da diocese e os desafios que superou, enfatizando o papel da Igreja em promover a fé, justiça social e educação ao longo das cinco décadas.
O bispo destacou a dedicação inabalável de missionários e leigos que, mesmo diante de adversidades como períodos de guerra e instabilidade política, se mantiveram firmes na propagação da mensagem cristã. Essa resiliência se reflete no crescimento das vocações e na perseverança das comunidades, que se uniram em torno da espiritualidade e da esperança.
Um chamado à reconciliação nacional
As festividades jubilares não se restringiram às celebrações religiosas. O evento também contou com a ordenação de sete novos sacerdotes, sinalizando a vitalidade da diocese. Adicionalmente, um simpósio foi realizado para discutir o significado e o impacto dos 50 anos de missão evangelizadora da Igreja local. Este encontro simbólico coincidiu com a proximidade das comemorações dos 50 anos de independência de Angola, agendadas para o próximo dia 11 de novembro.
No simpósio, Dom Dionísio Hisilenapo, bispo da Diocese do Namibe e natural da Diocese de Ondjiva, fez um apelo enfatizando a necessidade de reconciliação nacional. Em sua fala, ele expressou preocupação sobre o clima de divisões e tensões que ainda persiste no país. O bispo sublinhou que a verdadeira reconciliação não se limita à assinatura de acordos de paz, como os de 2002, mas é um processo contínuo que requer humildade e compromisso com a verdade e a justiça.
“É fundamental que busquemos a união”, afirmou Dom Hisilenapo, ao criticar a atmosfera tensa dos debates parlamentares, que, segundo ele, têm sido marcados por discursos de ódio e falta de respeito entre os representantes do povo.
Ao final do ciclo de celebrações, a mensagem central reforçou a importância da esperança e da unidade, ao mesmo tempo em que convidou todos a renovar seu compromisso com a missão evangelizadora da Igreja em Angola, especialmente em um momento que o país enfrenta vários desafios sociais e políticos.
Com esses eventos, as dioceses de Sumbe, Saurimo, Menongue e Ondjiva nos lembram da relevância da fé e da união em tempos de incerteza, ecoando a necessidade de um olhar atento e compassivo sobre a realidade que nos cerca. A esperança, como tema central, continua a ser o fio condutor das iniciativas adotadas para promover a paz e a harmonia em Angola.
As celebrações jubilares deixam um legado de fé e compromisso, que poderá inspirar novos caminhos de reconciliação e esperança para as gerações futuras.
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