A Justiça de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, começa a ouvir nesta terça-feira (8) as testemunhas no processo que investiga a morte da professora de pilates Larissa Rodrigues, de 37 anos, supostamente envenenada com chumbinho em março deste ano. O caso ganhou grande repercussão na região, especialmente após a prisão do marido dela, o médico Luiz Garnica, e da sogra, Elizabete Arrabaça, que são acusados do crime e permanecem detidos desde maio.
Desdobramentos da investigação
O Ministério Público convocou 24 testemunhas que participaram da fase do inquérito policial para depor na audiência. O promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino explicou que a expectativa é que as testemunhas confirmem os relatos feitos anteriormente, que serviram como base para as denúncias contra os réus. “Essas testemunhas servem para confirmar que nós temos indícios de autoria de que os réus foram os responsáveis pela morte da Larissa”, afirmou Nicolino.
Elizabete e Garnica, que estão presos preventivamente, acompanharão os depoimentos de forma virtual. Após a coleta de testemunhos, o juiz decidirá se o caso irá a júri popular, decisão que pode não ser tomada ainda nesta terça-feira.
Acusações graves
Tanto o marido quanto a sogra foram denunciados por feminicídio qualificado, caracterizado por motivo torpe, meio cruel e por terem impedido a defesa da vítima. Além disso, Garnica enfrenta também uma acusação de fraude processual, por ter alterado a cena do crime no dia em que Larissa foi encontrada morta. As investigações revelam que Larissa havia descoberto uma relação extraconjugal do marido pouco antes de sua morte e que ela planejava solicitar o divórcio.
De acordo com a polícia, a sogra teria envenenado Larissa a mando do filho com o objetivo de evitar uma divisão de bens na separação. Ambos estavam enfrentando dificuldades financeiras e tinham interesse em manter o patrimônio nas mãos de Garnica. Na véspera de sua morte, Larissa comunicou ao marido suas intenções de procurar um advogado.
Controvérsias e defesa
Durante a audiência, a defesa levantou questões sobre dados de GPS, que indicariam que Elizabete passou a noite no apartamento da nora na véspera de sua morte. O advogado de Garnica, Júlio Mossin, ressaltou que a extração de dados sugere que a sogra poderia não apenas ter estado presente, mas também pode ter ficado até a manhã da morte, contradizendo algumas evidências levantadas pelas autoridades. “O sinal do celular da Elizabete dá disparos apenas no apartamento onde Lavessa foi encontrada, o que pode contradizer as anotações do prédio”, afirmou Mossin.
Outros detalhes, como a presença de um laudo toxicológico que confirma que Larissa foi envenenada com chumbinho, também foram destacados. O MP alegou que Garnica havia buscado sopa envenenada preparada pela mãe para oferecê-la à esposa em ocasiões anteriores. O plano inicial, segundo as investigações, era envenenar Larissa gradualmente, para que sua morte parecesse um caso de intoxicação comum.
Críticas à ausência de perícia
Um ponto controverso foi a ausência do perito responsável pelo laudo toxicológico na audiência, uma decisão que gerou críticas das defesas. O perito pediu à Justiça para não comparecer e se disponibilizou a responder por escrito. “É de extrema importância que o perito compareça para esclarecer detalhes que podem mudar o curso do julgamento”, argumentou Bruno Corrêa, advogado de Elizabete. As defesas acreditam que a falta de uma audiência presencial com o perito pode comprometer a possibilidade de elaborar perguntas pertinentes.
À medida que novos depoimentos e informações emergem, o caso de Larissa Rodrigues continua a despertar interesse e gerar discussões sobre feminicídio e as complexidades das relações familiares. A decisão final do juiz ainda não foi divulgada, mas o clamor por justiça permanece na comunidade.
Este caso continua a ser monitorado de perto, e novas atualizações devem surgir à medida que o processo judicial avança. Para mais informações sobre o assunto e outros eventos em Ribeirão Preto, siga nosso canal no g1 Ribeirão e Franca.